No funeral do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, poucos estavam tão abatidos quanto a presidente do tribunal, Cármen Lúcia. De mãos dadas com Francisco, Alexandre e Liliana, filhos de Teori, entrou no plenário do Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4), onde estava sendo velado o ministro morto na última quinta-feira em acidente aéreo.
Com a vinda da cúpula do três poderes de Brasília a Porto Alegre para despedida – além do presidente Michel Temer e de Cármen Lúcia, estiveram presentes o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e vários ministros – o plenário acarpetado e de cadeiras vermelhas do tribunal se tornou local de especulação sobre os rumos da operação Lava-Jato. À tarde, orações e condolências à família dividiam espaço com conversas ao pé do ouvido sobre o futuro do processo e a indicação do novo relator no STF.
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Horas antes, o presidente Michel Temer afirmou em entrevista que só deverá indicar um novo ministro após o Supremo definir quem será o novo responsável pelo processo. Cármen Lúcia preferiu fugir de qualquer polêmica e evitou comentar o assunto.
Além da presidente do tribunal, outros quatro ministros do Supremo estiveram presentes ao velório. Enquanto Gilmar Mendes e Edson Fachin fizeram uma rápida passagem pelo local, Ricardo Lewandowsky e Dias Toffoli permaneceram mais tempo.
Toffoli, amigo pessoal do ministro morto, também demonstrava abatimento. Sentado em uma das tantas cadeiras vermelhas destinadas ao público no plenário, preferiu o silêncio. Poucos metros adiante, servidoras do gabinete de Teori em Brasília não conseguiam segurar o choro de tristeza.
Durante o tempo em que esteve no funeral, Lewandowsky permaneceu em pé, a poucos metros de onde o corpo do ministro era velado, conversando com outras autoridades do judiciário.
No saguão localizado ao lado do plenário, os comentários eram a ausência dos ministros Celso de Mello, Marco Aurélio, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber.
– De mau gosto – comentou um servidor do gabinete de Teori em Brasília.
A ausência da ex-presidente Dilma Rousseff, que viajou neste sábado para a Espanha, também foi alvo de comentários. Se tivesse ido ao funeral, as chances de encontrar o ministro das Relações Exteriores, José Serra, seria grande. Após dar um rápido abraço nos familiares de Teori, o chanceler permaneceu quase uma hora no saguão ao lado conversando com outros políticos e autoridades de Brasília.
Geraldo Alckmin, outro tucano com aspirações presidenciais, optou por ir embora com o presidente Michel Temer e os ministros Alexandre de Moraes, Eliseu Padilha e Osmar Terra, que deixaram o local em pouco mais de 40 minutos.
Entre o público, o clima era de comoção. Em grande parte das vezes coube a Francisco consolar quem vinha dar um abraço e prestar condolências. Diversas vezes ouviu sobre o "legado deixado pelo pai".
Afetado pela perda pessoal, à parte das disputas em Brasília, teve em pelo menos três oportunidades, a chance de responder para aqueles que vinham lhe dizer sobre "o grande homem público que Teori era", uma frase repetida diversas vezes pela ministra Cármen Lúcia:
– As pessoas passam. A Justiça, não.