Quase um mês após ter sua prisão preventiva revogada, o ex-tesoureiro do PT está mais próximo de deixar a cadeia da Operação Lava-Jato. A juíza federal Gabriela Hardt, substituta do juiz federal Sérgio Moro, que está em férias, reduziu em cinco vezes o valor da fiança do petista nesta quinta-feira. Agora, em vez de pagar R$ 1 milhão, Paulo Ferreira deverá desembolsar R$ 200 mil para deixar a prisão.
O valor de R$ 1 milhão havia sido estipulado por Moro em 16 de dezembro. Desde então, a defesa entrou com sucessivos pedidos de reconsideração para que a Justiça aliviasse o pagamento, alegando que Ferreira está "desempregado e com dívidas".
Nesta quinta, quase um mês após a decisão de Moro, a juíza decidiu diminuir o valor.
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"Diante do tempo decorrido desde a fixação da fiança sem que tenha havido pagamento, mas levando-se em consideração que não é o caso de dispensa de fiança, haja vista a existência de alguma expressividade econômica por parte de Paulo Adalberto, resolvo diminuir o valor arbitrado a título de fiança para R$ 200 mil", decretou Gabriela Hardt.
A substituta de Moro observou que "a defesa anexou extrato comprovando a disponibilidade pelo acusado do valor de cerca de R$ 150 mil referente a consórcio imobiliário contemplado junto à Caixa Econômica Federal e ainda não resgatado".
"Além disso, consta da declaração de imposto de renda 2015/2016 que Paulo Adalberto (Ferreira) possui um veículo Citroën C4, adquirido em 2013 pelo valor de R$ 80 mil, financiado, e que teria alienado dois veículos no ano de 2015, um deles uma Mercedes Benz 2010/2011, pelo valor de R$ 50 mil, e outro um Kia Cerato 2012/2012, sem informação de valor", anotou.
"Foi ainda declarado em seu imposto de renda 2015/2016 um total de R$ 154.687,36 recebidos da Câmara dos Deputados."
Gabriela Hardt manteve as medidas cautelares determinadas por Moro: proibição de deixar o país e a obrigação de entregar os seus passaportes, brasileiro e estrangeiro; comparecimento a todos os atos do processo, salvo se dispensado expressamente; proibição de deixar sua residência por mais de 20 dias sem autorização do Juízo; proibição de mudar de residência sem autorização do Juízo; e proibição de se aproximar ou de contatar, direta ou indiretamente, outros acusados ou testemunhas deste feito e seus familiares, inclusive e, principalmente, Alexandre Correa de Oliveira Romano.
Alexandre Romano, o Chambinho, é ex-vereador pelo PT em Americana (SP) e delator da Lava-Jato. Ele citou Ferreira. Interrogado por Moro, em dezembro, o ex-tesoureiro do PT, confessou que seu partido, e outras legendas políticas, trabalham com recursos não contabilizados. Ele disse que "negar informalidades nos processos eleitorais brasileiros de todos os partidos é negar o óbvio".
– É um problema da cultura política nacional, Dr. Moro – disse o ex-tesoureiro, na ocasião. – Eu não estou aqui para mentir para ninguém. Estou aqui para ajustar alguma dívida que eu tenha, minha disposição aqui é essa.