Milhares de mulheres, muitas com gorros de lã cor de rosa, se reuniram neste sábado em Washington para a chamada Marcha das Mulheres, com o objetivo de exigir que o presidente Donald Trump respeite seus direitos e os das minorias. A marcha, iniciada por volta de 10h (13h no horário de Brasília) é apoiada oficialmente pela Anistia Internacional e pela Planned Parenthood, a maior rede de planejamento familiar do país, da qual os republicanos do Congresso querem tirar o financiamento. Também estarão presentes representantes do movimento Black Lives Matter, uma associação especializada na denúncia de abusos policiais contra os negros.
Trens, metrôs e ônibus cheios de manifestantes – na maioria mulheres de todas as idades, mas também vários homens – com cartazes coloridos chegavam aos arredores do centro do poder da capital americana desde o começo da manhã. A participação intensa fez com que a estimativa inicial de participantes passasse de 200 mil para 500 mil. Trezentas e setenta "marchas irmãs" estavam previstas em outras grandes cidades dos Estados Unidos, como Nova York e Boston (veja vídeo abaixo), assim como no Exterior.
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Segundo os organizadores da manifestação, a ideia é mandar "uma mensagem clara ao mundo e ao nosso novo governo em seu primeiro dia de que os direitos das mulheres são direitos humanos".
– A marcha é uma demonstração de nossa solidariedade e nossa crença de que os Estados Unidos devem ser grandes e devem respeitar todas as pessoas, de todos os credos e cores – disse Lisa Gottschalk, uma cientista de 55 anos que viajou da Pensilvânia para protestar.
Trump ofendeu as mulheres em numerosas ocasiões - incluindo uma ex-Miss Venezuela por seu sobrepeso - julgando-a por sua aparência. Foi acusado por várias mulheres de assédio e de ter tido um comportamento inapropriado.
Após ouvir vários cantores e oradores, alguns famosos como o cineasta Michael Moore e a atriz Scarlett Johansson, os manifestantes marcharam pela Esplanada Nacional até perto cerca da Casa Branca.
– Não podemos passar de uma nação de imigrantes a uma nação de ignorantes – alertou uma das primeiras oradoras, a atriz de origem hondurenha América Ferrera, em referência à promessa de Trump de deportar entre dois e três milhões de imigrantes e construir um muro na fronteira com o México.
– O presidente não é a América. Seu partido não é a América. O Congresso não é a América. Nós somos a América e estamos aqui para ficar – acrescentou.
A democrata Hillary Clinton, que perdeu para a Trump a eleição presidencial, agradeceu aos manifestantes em sua conta do Twitter. "Obrigada por estar aí, por falar e marchar por nós valores @womensmarch. Mais importante do que nunca. Realmente acho que sempre somos mais fortes juntos", tuitou.
Trump assumiu na sexta-feira a presidência dos EUA com um discurso inaugural de forte tom nacionalista e populista, no qual traçou uma sombria visão do declínio do país sob o governo de seu antecessor, o democrata Barack Obama. Ele falou das escolas ruins, da pobreza crônica, do aumento dos crimes, e garantiu que vai dar fim a "esta carnificina" e que só se guiará por um princípio: "Os EUA em primeiro lugar".
Também houve protestos anti-Trump na sexta-feira, durante a posse. Em alguns deles foram registrados choques violentos entre manifestantes e vandalismo, com mais de 215 detidos.