O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse que "é lenda urbana" a versão de que teria pedido à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, para assumir a relatoria da Lava-Jato.
– Não sei de onde vocês tiraram isso – rebateu Gilmar, ao ser indagado em São Paulo, na quinta-feira, se foi à Cármen para se oferecer à relatoria do mais intrincado e explosivo processo de combate à corrupção no país. Ele participou de um evento do Instituto de Direito Público (IDP).
A Lava-Jato está sem relator desde quinta-feira, quando o ministro Teori Zavascki morreu no avião que caiu no mar de Paraty – outras quatro pessoas morreram na queda do bimotor.
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O substituto de Teori ainda não foi definido. Cármen Lúcia, a presidente da Corte, vai definir como será escolhido o novo relator. Na quarta-feira, Gilmar reuniu-se com Cármen.
– Não existe essa possibilidade de se oferecer (para a relatoria). Nem é possível. Na verdade é um sistema que terá que ser designado de forma objetiva. E se for designado relator evidente que qualquer um terá que assumir. Não se pode dizer que lá não está. Apenas isso – comentou o ministro do STF.
Na avaliação de Gilmar, "ninguém deseja ser relator da Lava-Jato". Ele relembrou uma passagem envolvendo os ministros Luís Barroso e Teori Zavascki. Certa vez, Barroso disse a Teori que o país teve "muita sorte" pelo fato de ele assumir a relatoria da Lava-Jato. Teori devolveu:
– Quem não teve sorte foi eu.
– Então, a rigor isso tumultua a vida de todos, desorganiza por completo o gabinete que passa a ser concentrado nesse tipo de matéria – disse Gilmar.
Indagado se indicou o nome do ministro Gandra Filho, do Tribunal Superior do Trabalho, para a vaga de Teori no Supremo, ele ironizou.
– Andam sabendo mais do que eu sobre isso – disse. – Vai ter polêmica sobre qualquer candidato ao Supremo, sempre foi assim. Exatamente acho que isso permite que se faça uma boa seleção.
O sr. prefere alguém mais político ou técnico?, perguntou um jornalista.
– Não me cabe escolher e nem sei dizer se tem político ou técnico no tribunal – foi a resposta de Gilmar.
*Estadão Conteúdo