Citado dezenas de vezes no acordo de delação feito por um dos executivos da Odebrecht, o presidente Michel Temer encaminhou ofício, nesta segunda-feira (12), ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo mais “celeridade” nas investigações em andamento. O peemedebista argumenta que o vazamento de informações prestadas por colaboradores tem prejudicado a agenda política e econômica do governo.
No documento de três páginas, assinado pelo presidente e pela advogada-geral da União, Grace Mendonça, Temer reivindica que as delações que estejam sendo fechadas passem de forma mais ágil por análise e, se for o caso, homologação.
“Ante o exposto, a União pleiteia que Vossa Excelência examine a possibilidade de se imprimir celeridade na conclusão das investigações em curso. Requer também que as colaborações premiadas porventura existentes sejam, o quanto antes, finalizadas, remetidas ao Juízo competente para análise e eventual homologação e divulgação por completo. Com isso, a eventual responsabilidade criminal dos investigados será logo aferida”, diz o texto.
Nos bastidores do Planalto, fala-se que citados na delação estudam pedir a anulação do processo, em razão do vazamento do conteúdo. No documento encaminhado à PGR, Temer citou a negociação cancelada em parte com executivos da OAS. "Não por outra razão, em situação análoga, Vossa Excelência suspendeu tratativas de colaboração premiada em prol da higidez do procedimento legal", argumentou.
Na sexta-feira passada, a imprensa divulgou informações prestadas pelo ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, em que ele diz que Temer pediu R$ 10 milhões à empreiteira para a campanha de 2014. Além do presidente, os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria responsável pelo Programa de Parcerias e Investimentos, foram citados pelo colaborador.
O depoimento também atinge os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além de outros líderes políticos. O Palácio do Planalto divulgou nota, ainda na sexta, negando as acusações e informando que Temer repudia com “veemência” a informação.