O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu, nesta terça-feira, que as contrapartidas exigidas dos Estados em troca da renegociação da dívida com a União sejam regulamentadas por meio de um decreto presidencial. Ele reconheceu, porém, que "parte importante" do Ministério da Fazenda é contra essa tese e que, por isso, o governo estuda outra forma de reintroduzir as contrapartidas.
Na semana passada, a Câmara aprovou o projeto de renegociação da dívida dos Estados, mas retirou as contrapartidas exigidas dos governos estaduais, entre elas a que previa limitação na contratação de pessoal e de ajuste salarial a servidores estaduais. Como a proposta já tinha sido aprovada no Senado, quando as contrapartidas tinham sido mantidas, ela seguiu da forma como foi aprovada pelos deputados para sanção do presidente Michel Temer.
– Nossa posição é de que caberia um decreto presidencial regulamentando as contrapartidas – afirmou Maia, que, pela manhã, se reuniu com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, para tratar sobre o tema. Para o deputado, as contrapartidas são "fundamentais", mas não precisam estar expressas na lei. – Especificar as contrapartidas (no projeto) é transformar a Câmara numa grande assembleia legislativa – disse.
Leia mais
Fazenda poderá exigir de Estados medidas mais duras, diz Temer
Temer diz que deve sancionar projeto de renegociação de dívidas dos Estados
"Vamos ter outras possibilidades para encarar o sufoco", diz Feltes sobre renegociação da dívida
Maia afirmou que aguarda estudo da Fazenda sobre como regulamentar as contrapartidas. De acordo com ele, a "parte importante" do ministério que discorda com a tese entende que as contrapartidas devem estar expressas na lei ou que a lei deve deixar claro que o governo pode regulamentá-las por meio de decreto.
– Nossa posição é de diálogo com a Fazenda. Com certeza vamos construir o melhor caminho – disse o presidente da Câmara.
O parlamentar fluminense afirmou que, como o projeto aprovado na Câmara precisa ser sancionado até o final de janeiro e o Congresso Nacional está de recesso até o início de fevereiro, dificilmente as contrapartidas serão votadas em um novo projeto. Segundo Maia, umas das propostas aventadas, caso a tese do decreto não seja a vitoriosa, seria o governo enviar uma Medida Provisória regulamentando-as.
Sem definição
Mais cedo, após reunião com Maia, o secretário-executivo da Fazenda afirmou que o governo estuda como reintroduzir as contrapartidas retiradas durante a votação na Câmara, mas que ainda não há um definição. Na avaliação de Guardia, sem as contrapartidas, o problema dos Estados não será resolvido.
– Não basta adiar (o pagamento da) dívida. Isso seria só jogar o problema (dos Estados) para frente – disse.
*Estadão Conteúdo