O ex-tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, confessou ao juiz federal Sérgio Moro, na quarta-feira, que o PT – assim como os demais partidos políticos – trabalha com recursos não contabilizados. Réu da Operação Lava-Jato e preso desde 23 de junho, Ferreira foi interrogado em Curitiba. Ele disse que "negar informalidades nos processos eleitorais brasileiros de todos os partidos é negar o óbvio".
Ferreira foi preso na Operação Abismo, 31.ª fase da Lava-Jato. Além do ex-tesoureiro, 13 investigados são réus. O petista é acusado de ter recebido propinas nas obras do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), no Rio.
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Durante o interrogatório, o juiz perguntou ao ex-tesoureiro:
– O Partido dos Trabalhadores comumente tem feito declarações públicas de que não trabalha com recursos não contabilizados. Salvo engano, na minha compreensão, o senhor está afirmando algo diferente, que havia esses pagamentos, inclusive aqui na sua própria campanha. O senhor saberia explicar essa contradição?
Paulo Ferreira respondeu:
– É um problema da cultura política nacional, doutor Moro. Eu não estou aqui para mentir para ninguém. Estou aqui para ajustar alguma dívida que eu tenha, minha disposição aqui é essa.
Em seguida, declarou:
– Negar informalidades nos processos eleitorais brasileiros de todos os partidos é, na minha opinião, negar o óbvio.
Moro, então, perguntou:
– Inclusive no Partido dos Trabalhadores, na sua campanha?
– Exatamente – admitiu Ferreira.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.