O centrão – bloco informal de 13 partidos da base aliada liderado por PP, PSD e PTB – decidiu obstruir a votação da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), prevista para esta quarta-feira. A decisão foi tomada durante jantar entre líderes do grupo na noite de segunda-feira, e anunciada nesta terça-feira pelo líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), e o deputado Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade.
– O centrão decidiu obstruir a votação. Se a gente não obstruir, o (presidente Michel) Temer vai entregar o governo para o PSDB – afirmou Paulinho.
O deputado se referia à provável nomeação do líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), para a Secretaria de Governo, que enfrenta forte resistência na base aliada. Diante da pressão do centrão, Temer sinalizou um recuo na decisão de nomear o tucano, o que causou desconforto entre parlamentares do PSDB.
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Segundo Paulinho da Força, o centrão combinou com a oposição de não dar presença na sessão da CCJ desta quarta-feira, quando está prevista a leitura e votação do parecer do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) pela admissibilidade da PEC. Pelas contas de Paulinho, o seu grupo e a oposição têm juntos 40 deputados – são necessárias, no mínimo, 34 presenças para abrir os trabalhos. A comissão é composta por 66 membros.
Jovair Arantes confirmou a informação dada pelo presidente do Solidariedade. O líder do PTB defendeu que a admissibilidade da PEC da Previdência só deve ser votada na CCJ no próximo ano.
– Temos que discutir com frieza e calma, porque essa é uma matéria ácida –afirmou.
Segundo Arantes, a reforma da Previdência é uma proposta "ruim", mas que tem de ser discutida com calma.
– Para que votar um tema polêmico desses agora no fim do ano, às pressas? A sociedade quer discutir com calma – afirmou.
*Estadão Conteúdo