O Piratini montou uma operação de emergência para obter votos do PTB e do PDT na votação das extinções de oito fundações. Com cinco votos favoráveis, as legendas salvaram o governo de uma derrota na aprovação das medidas mais simbólicas no pacote de reestruturação do RS.
Os dois projetos de lei sobre o término da atividade das fundações necessitavam de 28 votos para serem aprovados. O primeiro teve 30 votos favoráveis, e o segundo, 29. Nas duas apreciações, o PTB cedeu três votos, e o PDT, dois. Juntas, as siglas somam 12 deputados na Assembleia.
Leia mais:
Veja como votou cada deputado nos projetos que extinguiram oito fundações
Edital de concessão de zoológico terá regra de transição para manter servidores, diz governo
Acompanhe a votação do pacote de Sartori na Assembleia
Em comum, os partidos têm mantido um pé dentro e outro fora do Piratini. Embora tenha dois secretários, o PDT está cada vez mais distante do governo e estuda desembarcar de vez no início de 2017. Já o PTB se diz independente desde o primeiro dia de Sartori no comando do RS. Por conta dessa postura dúbia, o assédio do governo se concentrou nos petebistas, inclusive com a oferta de espaços no primeiro escalão.
Luis Augusto Lara, que foi secretário dos governos Germano Rigotto (PMDB), Yeda Crusius (PSDB) e Tarso Genro (PT), foi convidado pelo menos quatro vezes a voltar para o Piratini. Ele não só declinou como tem tentado frear o adesismo da bancada.
– Nós temos um projeto para 2018. Precisamos preservar nossa identidade – afirma Lara, que busca uma aliança com o PSDB para a próxima disputa ao governo do Estado.
Diante da resistência de Lara, o Piratini reforçou a pressão sobre os demais deputados. Na noite de terça, dois dos mais fortes secretários de Sartori, Márcio Biolchi (Casa Civil) e Carlos Búrigo (Secretaria-Geral) vararam a madrugada na Assembleia. Eles montaram um quartel-general em uma sala contígua à presidência da Casa, onde se reuniam com os parlamentares. Por vezes, também faziam lobby no cafezinho do plenário ou na Sala Castelo Branco, espaço do PP.
Assim, eles asseguraram o apoio de Maurício Dziedricki, Aloísio Classmann e Marcelo Moraes, mas não obtiveram êxito nas investidas sobre Ronaldo Santini. O petebista disse que já havia assumido compromisso em votar contra a maioria das medidas.No PDT, a dificuldade foi maior. Dos sete deputados, apenas Gilmar Sossella e Vinicius Ribeiro votaram com o governo, mas foram fundamentais para a extinção de fundações.
– Não pode um partido que está no governo não dar nenhum voto favorável. Foi um gesto político – defendeu Sossella.
Na avaliação geral do pacote, o PDT liberou a bancada na votação, mas deve manter-se coeso na contrariedade a pelo menos duas medidas: o parcelamento do 13º salário do funcionalismo estadual e o afastamento da necessidade de plebiscito para a privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), da Companhia Rio-grandense de Mineração (CRM), da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) e da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa).
Ciente da dificuldade de aprovação, o Piratini deve retirar os projetos da pauta para evitar um desgaste ainda maior. Apenas a Sulgás deve ser mantida como objeto de privatização.
– O partido compreende a individualidade de cada parlamentar, mas, depois do pacote, fará uma avaliação do cenário. É certo que as medidas nos afastam ainda mais do governo – sinaliza o presidente do PDT no Estado, deputado federal Pompeo de Mattos.