Após ser acusado por um delator da empreiteira Odebrecht de receber recursos em seu escritório em São Paulo, o assessor especial e amigo do presidente Michel Temer José Yunes pediu demissão. A carta foi entregue no início da tarde desta quarta-feira e, ao jornal Folha de S.Paulo, Yunes afirmou que a decisão é de caráter irrevogável.
"Nos últimos dias, Senhor presidente, vi meu nome jogado no lamaçal de uma abjeta delação, feita por uma pessoa que não conheço, com quem nunca travei o mínimo relacionamento e cuja existência passei a tomar conhecimento, nos meios de comunicação, baseada em sua fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie de uma doação destinada ao PMDB", escreveu Yunes, conforme o Estado de S.Paulo. "Repilo com a força de minha indignação essa ignominiosa versão", afirmou.
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Ainda segundo a publicação, Yunes afirma que "seria uma honra ajudar o amigo de 50 anos a colocar o país nos trilhos após a hecatombe que arrasou a economia".
Yunes estava em São Paulo e conversou com o presidente nesta quarta. Segundo interlocutores do Planalto informaram ao Estadão, Temer considerou um "gesto de grandeza" de seu amigo, que destacou que não quer que a "amizade entre os dois seja objeto de exploração". Na conversa entre os dois, Temer reiterou sua confiança em Yunes e disse que as acusações são maldosas e infundadas.
A informação de que Yunes havia recebido dinheiro vivo da empreiteira foi divulgada na semana passada pelo BuzzFeed News, após a delação do diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. A quantia seria parte dos R$ 10 milhões que o empreiteiro destinou como doação para campanhas ao PMDB.
O ex-executivo detalha um jantar com Temer no Palácio do Jaburu, no qual estiveram presentes Temer, Marcelo Odebrecht e Padilha. Segundo o delator, Temer solicitou "direta e pessoalmente para Marcelo, apoio financeiro para as campanhas do PMDB no ano de 2014".
Uma das entregas teria sido feita no endereço do escritório de advocacia de José Yunes, segundo Melo Filho, o que sugere o pagamento em dinheiro em espécie.
*Estadão Conteúdo