O presidente Michel Temer afirmou, nesta segunda-feira, durante o discurso de abertura do 45ª Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, que além do déficit nas contas públicas ao assumir o governo ele encontrou também "um certo déficit de verdade" e que não seria possível continuar neste caminho.
– É preciso encarar os fatos tal como são – disse. – Agora a realidade bate a porta e cobra naturalmente o seu preço – completou.
Temer afirmou que "não há dialogo construtivo sem franqueza" e ressaltou que o diálogo é um dos suportes de seu governo "ao lado da ideia de que é preciso reformar para crescer". Disse ainda que seu objetivo de retomar o crescimento é gerar emprego e voltou a destacar que "o diálogo não deve ser mero acessório, é traço fundamental na democracia".
Leia mais
Conselhão volta a se reunir para discutir retomada do crescimento
Temer convoca nova reunião com governadores para discutir ajuda
Presidente defende medidas amargas contra recessão
Ao abrir a reunião, Temer comentou que "não nos falta determinação para agir, assim como não nos falta humildade para escutar" e afirmou que "humildade é menos para falar e mais para escutar".
– Nesse conselho, teremos canal privilegiado para interlocução com diversos setores – afirmou.
Antes de sua fala, Temer cumprimentou cada um dos conselheiros e disse que dava boas-vindas a novos 59 integrantes. O presidente destacou ainda que o grupo atual é mais representativo e destacou que há o dobro de mulheres nesse Conselhão.
– A mulher hoje é produtora da riqueza nacional. Vejo, nessa sala, uma extraordinária soma de talento e espírito público. Vamos trabalhar para que vejam em nós um governo de abertura ao diálogo e união de esforços.
Ele voltou a destacar também a importância do legislativo para o governo.
– É importante ter o apoio do parlamento para que tudo que nós produzimos a favor do país seja avaliado – avaliou.
O presidente afirmou ainda que a governabilidade significa o apoio da sociedade e que os conselheiros agora passam a fazer parte do governo e "serão os agentes da governabilidade".
Pacificação do Brasil
Temer disse que um dos principais objetivos do colegiado é pacificar o Brasil. Para ele, não pode haver uma "cisão raivosa" entre os brasileiros.
– Não há como continuar com o Brasil dividido. Dividido em ideias, não tem importância, dividido em conceitos, não tem importância, porque a democracia vive da controvérsia, da contrariedade, porém argumentativa. Não pode haver uma cisão raivosa entre os vários brasileiros, nós que sempre tivemos fama de ser conciliadores e amigáveis – disse o presidente.
Temer afirmou que, ao assumir o governo, em maio deste ano, encontrou o País imerso em uma das piores crises da história. Nesse contexto, disse, era necessário construir pontes e articular consenso.
– Era necessário restabelecer relação harmônica entre os poderes – destacou o presidente da República.
Foco do Conselhão será retomado, diz Padilha
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou, nesta segunda-feira, que o foco do Conselhão no governo Michel Temer se concentrará na retomada e aceleração do desenvolvimento nacional.
Em discurso na abertura da primeira reunião do colegiado durante o governo Temer, Padilha fez uma explanação sobre os critérios que foram adotados para escolha dos 96 integrantes, entre eles, a representação no PIB.
– A representatividade buscou áreas de atuação, inovou com critérios técnicos econômicos e sociais, priorizou quadros que dialoguem como inovação e sociedade digital, para além das corporações – afirmou o ministro.
Padilha ressaltou um aumento de 32,3% da participação de mulheres na atual composição do Conselhão em relação ao governo anterior, da presidente cassada Dilma Rousseff (PT).