Pregando a renovação do Partido dos Trabalhadores, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, afirmou que a sigla precisa passar por uma "revolução interna" a partir da mudança da atual diretoria. O petista disse que busca um "pacto político interno" e reconheceu, no entanto, que poderá deixar o PT caso as alterações no partido não aconteçam.
– Se isso não ocorrer (mudanças no partido), eu acho que muita gente, não somente eu, vai reavaliar qual o tipo de movimentação política que nós vamos fazer, mantendo o PT como alternativa ou trabalhando por outra alternativa – afirmou em entrevista ao Timeline Gaúcha.
Leia mais
PT perde importância com resultado das eleições municipais, avalia Tarso
Defesa de Palocci diz que denúncia contra o ex-ministro é "inverossímil"
Feltes aguarda apoio do BNDES para pagar 13º salário dos servidores
Em relação à corrida ao Planalto em 2018, Tarso Genro avalia que Lula não deveria disputar a Presidência. Há cerca de 15 dias, Tarso conversou com o ex-presidente para avaliar os rumos do PT nacional. De acordo com o ex-comandante do Piratini, Lula também não deseja concorrer mais uma vez ao Planalto. No entanto, segundo Tarso, a situação ainda não está definida.
– Eu não estou dizendo que ele (Lula) não vai ser (candidato): o próprio partido pode exigir, pode ocorrer um movimento queremista, como ocorreu com Getúlio (Vargas) e ele seria novamente um grande presidente. Mas eu acho que ele não quer e a minha opinião é que não deveria ser candidato a presidente.
Questionado sobre o cenário atual e a oportunidade de realizar diferentes reformas durante os mandatos de Lula, quando os indicadores econômicos eram positivos, Tarso Genro defendeu que o governo do petista propôs alterações no sistema político que não foram aceitas pelo Congresso. O ex-governador disse que, na época, não havia "clima político" para a apreciação das medidas nem mesmo dentro da base do PT.
– As outras reformas dependiam da realização de uma reforma política, porque você não faz uma reforma no sistema federativo com o sistema político atual que é regionalizado e oligarquizado – afirmou.
Eleições
O ex-governador gaúcho afirmou que compareceu às urnas no último domingo, mas não votou em nenhum dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Em relação ao resultado no país, Tarso Genro reconheceu que o PT "perdeu muitos votos e teve um impacto eleitoral muito grande", mas avaliou que "os demais partidos ganharam muito pouco" do espaço deixado pela sigla.
– Nós estamos em um impasse no nosso sistema político: ele perdeu a legitimidade. E isso que está acontecendo que tem proeminência e mais divulgação em relação ao PT que é o partido que estava no governo há pouco, atinge, na verdade, todo o sistema partidário. Nós temos que, parar revigorar a democracia brasileira, fazer uma profunda reforma política – afirmou.