O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso duro contra a imprensa, delegados da Polícia Federal (PF), procuradores do Ministério Público (MP) e o juiz Sergio Moro. O petista também desafiou seus acusadores a apresentarem provas contra ele, durante um ato, na noite desta quinta-feira, em que recebeu o apoio de políticos, intelectuais e artistas. Lula ainda fez críticas ao governo de Michel Temer (PMDB), em especial à proposta de congelar, em termos reais, os gastos da União.
– Tenho preocupação quando eu vejo um pacto quase que diabólico entre mídia, a Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz que está apurando todo esse processo. A menor preocupação é com a verdade – disse Lula, durante um discurso que durou mais de meia hora e em que esteve acompanhado da esposa, Marisa Letícia.
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Em sua fala, o ex-presidente voltou a dizer que não aceita a ideia de que convicções valham como provas:
– Se eu disser a eles a convicção que tenho deles, vai ficar ruim.
Ao atacar a Polícia Federal, disse que a instituição não poderia permitir que delegados "comprometidos ideologicamente e politicamente com determinados partidos" façam falsas acusações.
– Eu não tenho que provar minha inocência, eles é que têm que provar a inocência deles na acusação que fizeram – afirmou Lula.
Embora tenha agradecido aos organizadores e às pessoas que assinaram um manifesto em sua defesa, o ex-presidente disse que não se sentia "confortável" em participar do ato, mas, sim, que preferiria participar de um manifesto de acusação da força-tarefa da Lava-Jato. Segundo ele, a operação mente para a sociedade brasileira. Lula acusou ainda os meios de comunicação de mentir "descaradamente" e de forma perversa.
Aos 71 anos de idade, Lula afirmou estar disposto a se colocar à disposição dos acusadores, mas pede que apresentem uma prova concreta:
– Não cometi nenhum crime antes, durante e depois de ser presidente da República.
No fim de seu discurso, num dos momentos em que foi mais aplaudido, Lula também fez criticas ao regime fiscal proposto pelo governo Temer, que pretende limitar gastos públicos com a PEC 241.
– As universidades que conquistamos, eles estão tentando diminuir o orçamento que nós triplicamos. Gaste com a língua de vocês, mas não com a educação desse país, que é o mais importante investimento. Cortar dinheiro da educação é tirar um sonho de que o povo pobre possa ter acesso à alta complexidade das máquinas – afirmou.