A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira, a Operação Reis do Gado, contra um esquema que praticava crimes contra a administração pública e promovia lavagem de capitais por meio da dissimulação e ocultação dos lucros ilícitos no patrimônio de membros da família do governador do Estado de Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB). Segundo a PF, o grupo movimentou mais de R$ 200 milhões em lavagem de dinheiro.
O governador foi alvo de condução coercitiva. Também foi decretada a prisão temporária do secretário de Infraestrutura do Estado, Sérgio Leão.
Cerca de 280 policiais federais cumprem 108 mandados judiciais expedidos pelo STJ sendo, 8 mandados de prisão temporária, 24 de condução coercitiva e 76 de busca e apreensão nas cidades de Palmas e Araguaína no Tocantins, Goiânia (GO), Brasília (DF), Caraguatatuba (SP), Canãa dos Carajás, Redenção, Santa Maria, São Felix do Xingu e Sapucaia (PA).
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A investigação apontou um esquema de fraudes em contratos de licitações públicas com empresas de familiares e pessoas de confiança do chefe do executivo estadual, que teria gerado enorme prejuízo aos cofres públicos.
A ocultação do dinheiro desviado ilicitamente era feita por meio de transações imobiliárias fraudulentas, contratos de gaveta e manobras fiscais ilegais dentre os quais a compra de fazendas e de grandes quantidades de gado. Parte do valor teve por destino a formação de caixa dois para campanhas realizadas no Estado.
Chamou atenção dos policiais o volume de algumas transações financeiras do grupo que, pela sua desproporcionalidade, denotam claramente a intenção de dissimular as vultosas movimentações ilícitas do grupo. Em um dos casos foi identificada um contrato de compra de gado cujo volume, segundo a perícia realizada, não caberia sequer dentro da propriedade onde pretensamente deveriam se encontrar o rebanho. Essa técnica foi apelidada pelos investigadores como "Gados de Papel".
Em outro caso, um contrato de prestação de serviços entre o governo e uma empresa de transportes aéreos alcançou valores tão exorbitantes que, sendo dimensionadas em horas de voo, obrigariam os aviões a serem abastecidos no ar para que se pudesse suprir o valor integral do contrato.
Os investigados responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva, fraudes à licitação e organização criminosa.
Nome da operação
Reis do gado foi dado em razão dos principais investigados serem grandes pecuaristas no Estado do Pará e de que o gado era a destinação de grande parte do dinheiro desviado, onde se operava a lavagem de dinheiro.