O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse, nesta segunda-feira, que o Diretório Nacional do partido vai formalizar, na próxima sexta-feira, a escolha da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do conselho curador da Fundação Perseu Abramo (FPA), o braço acadêmico do PT.
– O diretório se reúne, escolhe a nova diretoria e elege a presidente Dilma presidente do conselho – disse Falcão, na tarde desta segunda-feira, depois de reunião da bancada federal do PT com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um hotel em São Paulo. Segundo ele, a presidente cassada aceitou o convite.
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Segundo dirigentes petistas, a indicação de Dilma para a presidência do conselho curador da FPA é um arranjo encontrado para solucionar o mal-estar causado pelo anúncio de que Dilma presidiria a própria fundação. A ideia partiu de Falcão, mas encontrou resistências no partido.
Os dois cargos têm perfis muito diferentes. Enquanto a presidência da FPA, hoje a cargo do economista Marcio Pochmann, cuida do dia a dia da entidade, o presidente do conselho, atualmente o poeta Hamilton Pereira, tem função quase figurativa.
O conselho formado por 26 pessoas se reúne apenas uma vez a cada três meses para analisar as contas da entidade, aprovar o plano de trabalho elaborado pela diretoria e fazer um debate sobre a conjuntura. O cargo não tem remuneração.
Reunião
O líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), afirmou que vai haver consenso entre os parlamentares na forma de escolher a nova direção do partido.
– Há consenso na bancada de que no congresso (do partido) encontraremos uma solução que arme o partido para enfrentar os temas polêmicos e que o partido consiga sair desse processo (de dificuldades) – disse.
Na quinta e sexta-feira, o Diretório Nacional vai se reunir em Brasília para definir a forma de escolha da nova executiva nacional.
A instituição
Conforme o site da entidade, a Fundação Perseu Abramo foi instituída em maio de 1996 para cumprir uma antiga vontade do PT de promover um espaço fora das instâncias partidárias "para desenvolvimento de atividades como as de reflexão política e ideológica, de promoção de debates, estudos e pesquisas, com a abrangência, a pluralidade de opiniões e a isenção de ideias pré-concebidas". A ideia já havia sido colocada em prática através da Fundação Wilson Pinheiro, que foi extinta, entre outros motivos, por falta de recursos. Entre as atividades da instituição estão ciclos de palestras, debates e cursos.
Perseu Abramo, que dá nome à Fundação, foi o idealizador do projeto, tendo dedicado seus últimos meses de vida às linhas de trabalho da instituição. Abramo se formou em jornalismo e recebeu o Prêmio Esso de Reportagem em 1960 pela cobertura da inauguração de Brasília no Estado de S.Paulo. O jornalista também atuou de forma ativa no campo sindical e se vinculou ao PT na década de 70. Perseu Abramo morreu em março de 1996, aos 66 anos.
*ZH e Estadão Conteúdo