O Centrão – grupo de 13 partidos da base aliada liderados por PP, PSD, PTB e PR – vai buscar o apoio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ao candidato do bloco à presidência da Câmara dos Deputados. O grupo aposta na disputa interna no PSDB entre o tucano paulista e o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do partido, para atrair o apoio do governador.
Líderes do Centrão já procuraram interlocutores de Alckmin para marcar uma reunião com o governador após ele voltar da viagem aos Estados Unidos. O objetivo é fazer um gesto para mostrar ao tucano que o grupo está disposto a negociar com ele a sucessão na Câmara. Embora tenha pouca influência sobre a bancada do PSDB, Alckmin tem uma boa relação com vários deputados da bancada de São Paulo, a maior da Casa, com 70 deputados.
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O governador paulista foi considerado o grande vencedor das eleições municipais deste ano. Ele patrocinou e conseguiu eleger no primeiro turno João Doria (PSDB) para Prefeitura de São Paulo, maior cidade do país. Além disso, tem influência sobre muitos prefeitos do interior de São Paulo, não só do PSDB, mas de outros partidos, como o PSB, que atualmente ocupa a vice-governadoria de São Paulo, com Márcio França.
"Rival"
O Centrão aposta que Alckmin pode apoiar um candidato do grupo para rivalizar com Aécio, com quem disputa internamente para ser o candidato do PSDB à Presidência da República em 2018. O senador tucano, que tem influência maior sobre a bancada da Câmara, já negocia o lançamento de um candidato tucano ligado a ele ou apoio à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara.
Líderes do Centrão minimizam a declaração de Alckmin, que, no último sábado, defendeu publicamente a reeleição de Maia como uma "solução natural" para Câmara. Para eles, o discurso do governador não significa que ele não possa vir a apoiar um candidato do grupo. Dizem que, para o tucano, o importante é não ter um presidente da Câmara ligado ou com grande interlocução com Aécio. Lembram ainda que a eleição para presidente da Câmara é secreta, o que faz com que Alckmin não precise declarar apoio público.
Além de trazer votos, o apoio de Alckmin ajuda o Centrão a enfraquecer a candidatura da antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB), que poderá ser Maia, caso ele viabilize sua reeleição juridicamente, ou algum deputado do PSDB. Para o grupo, a melhor hipótese seria disputar com um tucano. Com um candidato do PSDB, por exemplo, o Centrão avalia ter mais chances de obter o apoio da oposição, que hoje apoia Maia e reúne cerca de cem votos.
Interlocutores de Alckmin na Câmara afirmam que o governador não vai se furtar de conversar com deputados. Oficialmente, Alckmin tem dito que não vai interferir na disputa interna da Casa.
A eleição para a presidência da Câmara está marcada para o início de fevereiro de 2017. No Centrão, os nomes mais cotados são os dos líderes do PTB, Jovair Arantes (GO); do PSD, Rogério Rosso (DF); e do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB). Do grupo da antiga oposição, têm interesse na disputa o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), além de Maia.