O presidente da República, Michel Temer, comentou, nesta segunda-feira, durante visita à Argentina, a eleição municipal ocorrida no último domingo, no Brasil. Falando ao lado do mandatário argentino, Maurício Macri, Temer foi questionado sobre se teria fugido de manifestações que estavam programadas contra ele no seu local de votação, em um colégio de São Paulo.
– Os protestos são naturais na democracia, eu não me incomodo com eles. Eu estava programado para votar em um determinado horário, mas surgiu um compromisso e eu votei às 8h. A imprensa toda estava lá. Agora, se estava programado um protesto na minha votação e eu evitei, tanto melhor para mim – afirmou.
Leia mais
Presidente Michel Temer muda agenda e volta a Brasília
Temer visita maiores aliados no Mercosul nesta segunda-feira
Para driblar manifestantes, Temer antecipa voto em São Paulo
O presidente comentou que o PMDB sempre consegue o maior número de prefeituras no país e que inclusive houve um pequeno aumento no número de cidades comandadas pelo partido nesta eleição.
– O PMDB tem muita capilaridade.
Temer disse que o alto índice de abstenções nas eleições municipais é um recado da população para a classe política brasileira. Segundo ele, o recado dos eleitores precisa ser assimilado para que políticos e partidos reformulem "eventuais costumes inadequados" da política brasileira.
– Há uma decepção, sem dúvida nenhuma, com a classe política em geral. Não se pode particularizar o partido A ou B. Temos 35 partidos no país. Quase todos eles com candidatos às prefeituras municipais. Mesmo assim, a abstenção foi realmente muito significativa – disse. – É uma mensagem, um recado que se dá à classe política brasileira para que reformule eventuais costumes inadequados – acrescentou o presidente.
Temer, no entanto, ressaltou que, apesar da constatação, as eleições municipais representam um exercício democrático:
– Acho que foi um recado dado pelas urnas em dois vetores. O primeiro é: cuidem-se aqueles que estão na classe política. Por outro lado, temos de festejar a democracia que se produziu ao longo do tempo e que foi exercitada nas eleições de ontem (domingo) – completou.
Ao lado de Macri, presidente brasileiro comentou que os dois países vizinhos enfrentam problemas parecidos, como o desemprego e o combate à pobreza. Temer lembrou que o Planalto enviou ao Congresso a PEC dos gastos e que isso deve dar maior credibilidade ao governo, gerando confiança na economia e atraindo investimentos.
– A gente só combate o desemprego com investimento, e quem faz isso é a iniciativa privada. Temos dito que o poder público não pode fazer tudo por sua conta, se fosse assim, bastaria criar milhões de cargos no serviço público, como parece que aconteceu na Argentina – comentou em uma crítica velada à antecessora de Macri no cargo, Cristina Kirchner, que é acusada de criar milhões de cargos comissionados na administração pública.
Macri foi questionado ainda sobre a possibilidade de os países do Mercosul buscarem acordos comerciais fora do bloco, como por exemplo para destravar as tratativas com a União Europeia. Ele respondeu que Brasil e Argentina tem uma longa parceria e que devem percorrer um caminho conjunto.
– Junto com o Brasil está tudo bem, tudo joia, tudo legal – falou em português.
*Estadão Conteúdo e Agência Brasil