A Rádio Gaúcha realizou nesta quinta-feira (6) o primeiro debate do segundo turno das eleições em Porto Alegre. Num formato diferente, os candidatos Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB) trocaram acusações.
Mediado pelo jornalista Daniel Scola, o debate de aproximadamente uma hora e meia foi dividido em quatro blocos e permitiu uma discussão mais direta, com a possibilidade de cada candidato interromper o oponente, sem que houvesse a formalização de réplica e tréplica.
No primeiro bloco, duas perguntas formuladas pela Rádio Gaúcha foram feitas aos candidatos. A primeira tratou da forma de melhorar a pavimentação das ruas e avenidas da capital. Marchezan começou respondendo que pretende primeiro reorganizar as finanças públicas para que as obras possam ter um planejamento claro e transparente.
"Nada vai iniciar sem um prazo pra terminar. Precisamos concluir as obras que estão há anos paradas e causando transtornos", disse Marchezan.
Na sua vez, Melo tratou de dizer que seu oponente fugia da resposta. "Meu oponente começou a costear o alambrado. Pergunta uma coisa e responde outra", criticou Melo.
O candidato do PMDB disse que a prefeitura está equipando duas usinas próprias de asfalto e que o recapeamento será muito forte nas vias arteriais.
Marchezan devolveu a acusação dizendo que não entendia a agressividade de Melo e que alguém quando faz obra na sua casa quer saber dos prazos de conclusão. Já Melo destacou que trocar ideias não é ser agressivo.
A segunda pergunta feita pela Gaúcha tratou do problema da superlotação das emergências dos hospitais e o que se pode fazer para resolver este problema.
O candidato Sebastião Melo destacou o subfinanciamento do SUS. Informou que é preciso repactuar o atendimento no Rio Grande do Sul. Disse que os desafios para melhoria da saúde são permanentes
Marchezan ressaltou que os postos de saúde não podem ser fechados às 17h. Ele promete que oito regiões da cidade terão postos que ficarão mais tempo abertos para que as pessoas não precisem procurar hospitais.
Ele criticou a falta de informatizar dos postos. Melo rebateu dizendo que os postos estão sim informatizados. O que faltaria é uma ligação entre os postos. O candidato do PSDB disse que seu oponente não sabia o que era informatização, o que foi desmentido pelo candidato do PMDB.
Segundo bloco
No segundo bloco, os candidatos fizeram perguntas entre si. Nelson Marchezan Jr destacou a falta de segurança na cidade e perguntou o que pode ser feito.
Sebastião Melo informou que a segurança pública é compartilhada e que a prefeitura está fazendo muito como, por exemplo, 1,2 mil câmeras ligadas e interligadas com Brigada Militar, EPTC e Guarda Municipal. Prometeu criar fundo de segurança pública, sem aumentar imposto, num convênio que permitirá pagar horas extras para brigadianos e guardas municipais.
Marchezan falou que é preciso deixar integrado o chamado Centro Integrado de Comando da prefeitura. Também prometeu usar horas extras para repassar a policiais militares aposentados.
A segundo pergunta foi feita por Sebastião Melo a Nelson Marchezan e tratou da mobilidade urbana e o que poderia ser feito.
Marchezan prometeu priorizar o transporte público e voltou a dizer que é preciso acabar com as obras que não terminam. Também disse que irá tornar o transporte público coletivo um local seguro.
Melo destacou que irá implementar os ônibus BRTs com financiamento da Caixa que já existe e disse que não termina seu mandato sem integrar o bilhete único na Região Metropolitana.
Marchezan criticou a atuação da EPTC ao dizer que a atual diretoria é adversária do táxi e destacou que é inaceitável que se monte arapucas para motoristas do Uber. Melo citou que os pardais instalados na cidade estão salvando vidas
A terceira pergunta foi feita por Marchezan a Melo e voltou a falar sobre permissão do Uber em Porto Alegre.
Melo garantiu que a prefeitura nunca proibiu o Uber. Destacou, porém, que há sistemas regulamentados de ônibus, táxis e lotações. Prometeu que a lei
do Uber será regulamentada e que a prefeitura não incentivou conflito sobre o tema na cidade.
Marchezan criticou a licitação dos ônibus ao dizer que as mesmas empresas que já atuavam venceram a disputa. Criticou que a EPTC arrecada R$ 360 mil para manter um GPS em táxis que não funcionam e prometeu que fará o melhor transporte público individual, sem proibir Uber.
Melo falou das muitas melhorias que a prefeitura está proporcionando, com 200 ônibus novos, câmeras instaladas nos veículos. Sobre a lei do táxi, o candidato do PMDB falou que o assunto foi tratado diretamente com taxistas. O candidato do PSDB disse ser inaceitável que uma licença de táxi custe R$ 700 mil reais.
A quarta e última pergunta do bloco foi feita por Melo a Marchezan e tratou das moradias irregulares questionando como a situação pode ser enfrentada.
Marchezan destacou que este é um grande problema para quase um terço da população. Sem mapeamento e regularização disse não ser possível eliminar desconfortos. Prometeu que irá buscar recursos com o Governo Federal.
Melo prometeu que não irá tirar ninguém de onde está. Disse que irá criar mesas de negociações, que buscarão soluções criativas com planos diretores para áreas diferentes, potencializando algumas regiões, permitindo que o dinheiro arrecadado seja usado em novas construções.
Marchezan afirma que há pessoas morando em áreas de risco de vida e que é preciso vencer a burocracia e dar perspectiva para as pessoas. Melo destacou o bom exemplo das cooperativas.
Terceiro bloco
O terceiro bloco foi marcado pelo sistema tradicional de debates, tendo uma pergunta feita pelo candidato a seu oponente permitindo espaço para a réplica e tréplica. Finanças públicas, cultura e saúde foram os temas.
Marchezan iniciou perguntando sobre as dificuldades nas finanças públicas de Porto Alegre. Lembrou que o prefeito José Fortunati falou sobre a possibilidade real de atraso e parcelamento de salários dos servidores municipais.
Sebastião Melo destacou que o que mais a prefeitura vem fazendo é cortar gastos para manter os serviços em dia. Melo reconheceu que as as finanças públicas estão mal e que a prefeitura depende também de repasses.
"O senhor diz que vai privatizar Carris, Dmae. Não está na nossa agenda atrasar salário dos servidores", disse Melo.
"Velha política. Não responder e desqualificar o adversário. Não falei em privatizar.A gente tem que lidar com a verdade", Marchezan rebateu.
A segunda pergunta do bloco foi feita por Melo e tratou sobre cultura.
Marchezan voltou a dizer que prioridades são "saúde, segurança", mas que cultura faz parte disso. Falou que o pôr do sol do Guaíba poderia ser melhor explorado pela prefeitura, ao deixar a região mais segura e confortável.
"Se for prefeito, vou fazer PPP para o complexo Cultural do Porto Seco. Quero atrair investidores para ser espaço de cultura permanente", promete Melo.
A próxima pergunta tratou sobre saúde. Melo prometeu fazer uma parceria com Hospital Parque Belém para a ampliação de leitos.
Marchezan criticou que pessoas ainda tenham que enfrentar fila na madrugada para conseguir atendimento em posto de saúde.
"Pegar uma ficha. É inaceitável que não se possa fazer por telefone. Isso é o mínimo de respeito", disse Marchezan.
Mesmo que as regras do terceiro bloco não permitissem interação direta entre os candidatos o embate acabou sendo inevitável
"Não sou deputado. Não concorro pra me eleger deputado" disse Melo.
"Eu quero ser prefeito. Quem usa eleição pra ficar no poder não sou eu", retrucou Marchezan.
Quarto bloco
O quarto bloco foi marcado pelas considerações finais de ambas as partes. Melo lembrou que na véspera de Natal foi até o Jardim Marabá conferir a falta de água.
"Esperem de mim um prefeito, se for eleito, que vai despachar nas secretarias. Que vai dialogar com o trabalhador, com os empresários", garantiu Melo.
Marchezan lembrou que 75% dos eleitores de Porto Alegre votaram por uma proposta de mudança.
"Se mantivermos essa gestão, vamos manter os problemas atuais de Porto Alegre", disse Marchezan.