A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta terça-feira, a Operação Hidra de Lerna. A ação, que no total cumpre 16 mandados de busca e apreensão, investiga um esquema de financiamento ilegal de campanhas políticas na Bahia e outro de fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades.
A empreiteira OAS e um diretório do PT na Bahia são alvos da investigação. Já os ex-ministros do PP Márcio Fortes (Cidades) e Mário Negromonte (ex-ministro de Cidades e atual conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia), são alvos de busca e apreensão. A operação ainda mira o governador da Bahia, Rui Costa (PT).
De acordo com a PF, uma das linhas de investigação recai sobre supostos esquemas para financiar ilegalmente campanhas eleitorais. A empreiteira teria contratado de maneira fictícia empresas do ramo de comunicação especializadas na realização de campanhas políticas, remunerando serviços prestados a partidos políticos, e não à empresa do ramo de construção civil.
Em outra direção, a Federal pretende investigar a ocorrência de fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades.
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A Operação Hidra de Lerna deriva de três colaborações de investigados na Operação Acrônimo (que investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais), já homologadas pela Justiça e em processo de validação pela Polícia Federal. A ação tem como origem dois novos inquéritos em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Conforme o jornal O Globo, as irregularidades na campanha de Costa ao governo da Bahia foram mencionadas pelo lobista Benedito Oliveira e a empresária Danielle Fonteles, uma das proprietárias da agência Pepper, prestadora de serviços em campanhas do PT em 2010 e 2014.
Os mandados, em razão do foro por prerrogativa de função de investigados, foram todos deferidos no STJ pela ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura. A PF cumpre mandados na Bahia, no Distrito Federal e Rio de Janeiro.
Hidra de Lerna
O nome da operação, segundo a PF, se refere à "monstruosa figura da mitologia helênica, que ao ter a cabeça cortada ressurge com duas cabeças."
"A Operação Acrônimo, ao chegar a um dos líderes de uma Organização Criminosa, se deparou com uma investigação que se desdobra e exige a abertura de dois novos inquéritos", explica a Polícia Federal.
Nota
Por meio de nota, o Ministério das Cidades afirmou que desconhece qualquer relação da operação da PF desta terça-feira com a pasta:
O Ministério das Cidades informa que não recebeu nenhuma notificação sobre operação da Polícia Federal envolvendo recursos da Pasta, na manhã desta terça-feira.
Em poder das informações, a Pasta terá condições de avaliar do que se trata e capacidade de instaurar, imediatamente, Processos Administrativos Disciplinares para investigar a denúncia.
O Ministério das Cidades ressalta a disponibilidade em colaborar com todas as informações necessárias para garantir eficiência e transparência na aplicação dos recursos citados.