O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi ouvido como testemunha, neste sábado, em Fortaleza, na ação de investigação eleitoral, movida pelo PSDB, que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, eleita em 2014. Machado saiu sem dar entrevistas. De acordo com os advogados das partes interessadas que acompanharam o depoimento, o ex-presidente da Transpetro reafirmou o que havia delatado na Operação Lava-Jato.
Segundo o advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, Machado reiterou desconhecer pagamentos para a campanha presidencial de 2014.
– Nenhuma referência a 2014 e nenhuma novidade àquilo que ele disse no termo de delação premiada – disse Guedes, afirmando que a defesa de Temer trabalha, portanto, com a improcedência do processo – Essas audiências - já passaram de uma dezena -, têm reforçado que não houve contaminação nas eleições de 2014. Então, a defesa do presidente Temer trabalha com a improcedência pela ausência de qualquer ilegalidade – completou.
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O advogado do PSDB, José Eduardo Alckmin, afirmou que, embora, Machado tenha dito nada saber sobre a campanha de 2014, reafirmou a existência de corrupção endêmica dentro da Petrobras e da Transpetro no sentido de amealhar recursos para políticos em campanhas.
– Esta é a tese que o PSDB sustenta desde o início: de que o dinheiro desviado da Petrobras - o que já está sendo comprovado pela operação Lava Jato - foi, em grande parte, para bancar campanhas políticas. Mesmo em 2014, porque não se tem como fazer uma coisa estanque. O dinheiro entra para o partido –argumentou Eduardo Alckmin.
De acordo com Flávio Caetano, advogado da presidente cassada, Dilma Rousseff, o depoimento de Machado confirma a tese de que a campanha foi regular e que não há nada a ser impugnado pela Justiça Eleitoral.
– Esta é a 26ª testemunha de acusação que não tem relação nenhuma com o processo. Portanto, isso ajuda na tese de que a campanha foi regular. Portanto, não há nada a ser impugnado pela Justiça Eleitoral – sustentou.
Caetano explicou que, embora Temer e Dilma tenham representantes legais distintos, a linha de defesa foi feita em conjunto.
– Tanto Dilma como Temer sustentam a regularidade da campanha. Uma campanha que foi feita com presidente e com vice, porque não existe presidente sem vice, assim como vice sem presidente – comentou.
Segundo ele, no depoimento, Machado confirmou que houve pagamento de propina para Aécio Neves, quando ele foi candidato a presidente da Câmara dos Deputados em 1999-2000.
– (Machado) Reconheceu que também pagou doações irregulares a Sérgio Guerra (já falecido), que era presidente do PSDB em 2010. Também doações irregulares ao deputado Heráclito Fortes, ao senador Agripino Maia. E também disse sobre uma contribuição muito grande ao PMDB, principalmente, ao senador Romero Jucá, com doações irregulares – disse Caetano.
Com relação ao presidente Temer, o advogado de Dilma disse que Machado mencionou, no depoimento, doação ao então candidato a prefeito de São Paulo, em 2012, Gabriel Chalita.
O depoimento foi dado ao ministro corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Herman Benjamin, na sede do TRE cearense. Sérgio Machado, que cumpre pena domiciliar, em Fortaleza, pela Operação Lava-Jato, chegou às 11h48min (horário local), em carro particular.
Em frente ao tribunal, pessoas lideradas pelo vereador Robert Burns (PTC) portavam faixas pedindo eleições diretas para presidente do Brasil. O grupo era acompanhado por policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Guardas municipais isolaram a área, proibindo a passagem de carros não oficiais.