A prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) obrigou o Palácio do Planalto a fazer um movimento para aumentar a demonstração de força no Congresso e afastar o clima de incerteza e mais crise política à vista.
Horas depois de chegar a Brasília, na quinta-feira, vindo de uma viagem à Índia e ao Japão, o presidente Michel Temer telefonou para líderes da base aliada e pediu apoio para a nova votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita em 20 anos os gastos públicos.
Antes de seguir para o Senado, a PEC será levada ao plenário da Câmara, na terça-feira, dia 25, em segundo turno. O governo tenta agora conquistar 400 votos para indicar que a Lava-Jato não atrapalha o ritmo do Congresso.
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O receio é de que um placar menor do que os 366 votos obtidos na primeira etapa da votação, no dia 10, indique perda de controle do Planalto sobre a base e provoque dúvidas no mercado em relação à retomada da estabilidade. Para aprovar a PEC são necessários 308 votos.
– Para que possamos atrair investimentos, temos de dar confiança. E essa confiança só se dá com liderança política – disse ao jornal O Estado de S. Paulo o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
O ministro admitiu a apreensão do governo.
– É claro que tem preocupação. Queremos ter um desempenho ainda melhor do que os 366 votos. Isso é uma sinalização interna e externa de que não tem mais crise política.
O assunto Cunha, porém, virou tabu no governo. Em reunião com ministros, na quinta-feira, Temer reforçou a ordem – já transmitida por telefone, ainda em viagem – para que ninguém comentasse o episódio. Auxiliares do presidente repetem o mantra "a vida continua".
Nos bastidores, no entanto, há o temor dos próximos capítulos. Antes de ser preso, o ex-presidente da Câmara disse com todas as letras a aliados:
– Vou explodir o Moreira – em uma referência ao secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco.
Em setembro, dias após perder o mandato, Cunha afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que Moreira era o "cérebro" do governo Temer e o acusou de estar por trás de irregularidades para financiar obras do Porto Maravilha, no Rio. Argumentou, ainda, que o programa de concessões de Temer nascia "sob suspeição". Moreira negou as acusações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.