Na primeira entrevista concedida como presidente da República, Michel Temer se posicionou contra o reajuste salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Temer disse ao jornal O Globo que o aumento gera um efeito cascata "gravíssimo", porque afeta as remunerações de todo o Judiciário, Legislativo e outros setores da administração. O presidente também afirmou que "jamais" vai interferir nas investigações da Operação Lava Jato e disse que isso seria absurdo, caso ocorresse.
Temer disse que não há hipótese de procurar um ministro do STF para tentar influenciar a condução da operação. Sobre os protestos que vem ocorrendo contra o seu governo após o afastamento de Dilma, o presidente disse que é preciso respeitar o movimento popular. Afirmou, ainda, encarar as manifestações com naturalidade, já que o impeachment é um "ato politicamente doloroso pra quem sai".
O atual presidente da República rejeitou o termo "golpista" e defendeu que assumiu a presidência por "razões constitucionais", já que a eleição de Dilma se deu com o apoio do PMDB. O presidente negou a possibilidade de se candidatar em 2018. No entanto, questionado se assinaria um compromisso público de que não concorreria, negou, dizendo que "todo mundo que assina, não cumpre".
Sobre a crise econômica, Temer afirmou que após a aprovação do teto para o crescimento dos gastos públicos e o encaminhamento da reforma da Previdência, acredita que o país voltará a crescer. O presidente da República também negou que pretenda acabar com direitos trabalhistas.