O presidente nacional do PT, Rui Falcão, classificou a 35ª fase da Operação Lava-Jato, que culminou com a prisão do ex-ministro Antonio Palocci, e a declaração do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, como uma ação "de caráter político" que tem como objetivo atingir o PT às vésperas da eleição municipal e fechar o cerco em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– Faz tempo que estamos dizendo que estas operações têm caráter político e seletivo. Cada vez mais vai se confirmando isso. Os objetivos são atacar o PT, fazer o cerco em torno do Lula e de uma forma seletiva – disse Falcão.
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O dirigente, que acompanha o ex-presidente em uma viagem ao Rio, onde participarão de um ato em apoio à candidata do PCdoB à prefeitura, Jandira Feghali, chamou a nova fase da Lava-Jato de "operação boca de urna 2". Na semana passada, quando foi preso o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, Falcão e Lula haviam chamado a ação de "operação boca de urna".
– É mais uma operação boca de urna, boca de urna dois. Na semana da eleição, por causa de fatos que foram imputados a ele (Palocci) no passado, resolver prender hoje. A pedido da PF – disse o dirigente petista.
Segundo Falcão, tanto Palocci quanto Mantega foram presos de forma arbitrária.
– Ele tem endereço fixo, profissão definida. Pode ser chamado para depor, não precisa prender. Ele nem sabe do que está sendo acusado concretamente – afirmou.
Para exemplificar aquilo que chama de seletividade da PF, Falcão usou o caso do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que teve contas o exterior identificadas pela Lava-Jato mas continua em liberdade.
– Não estou propondo a prisão do Eduardo Cunha mas no caso dele tem comprovação de conta no exterior, lavagem de dinheiro, tudo isso, e ele está aí, né? Isso mostra a seletividade dessas operações, desse complexo formado por setores da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e de setores do Judiciário – afirmou.
Falcão disse que o PT apoia as medidas tomadas por parlamentares do partido em relação do ministro da Justiça. Neste domingo, em conversa com militantes pró-impeachment em Ribeirão Preto (terra de Palocci), Morais adiantou a operação de hoje. O PT vai cobrar explicações do ministro no Congresso e estuda medidas jurídicas contra Moraes.
*Estadão Conteúdo