Oficialmente primeira-dama do país desde a tarde de quarta-feira, Marcela Temer atuará como embaixadora de um programa social voltado para a infância no novo governo. Batizado de Criança Feliz, o projeto será lançado ainda em setembro pelo Palácio do Planalto.
Michel Temer havia anunciado em maio, quando assumiu interinamente como presidente, que a mulher exerceria uma função na área social caso ele viesse a ocupar definitivamente o comando do país. Marcela teria demonstrado interesse em participar do programa dedicado às crianças. Definiu-se, então, que ela terá a função de divulgação do projeto para fomentar a adesão das prefeituras.
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Idealizador do Criança Feliz, o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, disse que Marcela não assumirá um cargo e nem receberá remuneração pelo trabalho. Ela irá atuar no sentido de "colaborar".
O Criança Feliz será uma das principais bandeiras da área social do governo Temer. Trata-se de uma extensão do Brasil Carinhoso, criado em 2012 pela ex-presidente Dilma Rousseff, com o objetivo de dar apoio financeiro extra às famílias de baixa renda beneficiadas pelo Bolsa Família e incentivar o acesso à pré-escola.
O novo programa deve ampliar o projeto do governo anterior a partir da implantação de visitas domiciliares semanais para avaliação médica, pedagógica e psicológica de crianças de zero a quatro anos. Depois, o atendimento passará a ser quinzenal.
– É um programa de estimulação precoce e apoio ao desenvolvimento infantil para que essas crianças, filhas de famílias mais pobres, possam ter um desempenho melhor e as mais diversas formas de inteligência estimuladas para chegarem à escola com mais habilidades desenvolvidas, terem uma escolaridade e renda maior do que os seus pais para, no futuro, ajudarem a sua família a sair da pobreza – explicou Terra.
Estima-se atender as 4 milhões de crianças de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família até a consolidação do programa, prevista para 2018. Inicialmente, a implantação será gradual.
Até o fim deste ano, 10 cidades receberão o projeto em caráter piloto. Entre elas, está Pelotas, município escolhido por ter consolidado o Primeira Infância Melhor, programa lançado em 2003, no governo de Germano Rigotto. O projeto também atua com visitas semanais em áreas de vulnerabilidade social, mas não abrange todas as famílias beneficiadas pelo Bolsa Família. Também ajudou na escolha da cidade o fato de o atual prefeito, Eduardo Leite, não concorrer à reeleição – o que poderia desestruturar o programa a partir do próximo ano.
– Vamos ampliar o aspecto de abrangência porque, com a contrapartida do governo federal, teremos a possibilidade de ter um número muito maior de visitadores que acompanharão as famílias – apontou a secretária da Saúde de Pelotas, Anita Bergmann.
Está aprovado orçamento de cerca de R$ 40 milhões neste ano para o Criança Feliz. Em 2018, quando se espera atingir o atendimento de 100% das crianças do Bolsa Família, o projeto está orçado em R$ 1,8 bilhão.