O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que "a Procuradoria não é a casa mais adequada" para apontar defeitos da Corte máxima. O ministro revela inconformismo ante críticas do procurador-geral da República Rodrigo Janot, que, na terça-feira, atribuiu "lentidão" ao Supremo.
– Lá (Procuradoria-Geral) também existe (lentidão), inquéritos prescrevem na Procuradoria – afirmou Gilmar Mendes.
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Ele fez uma defesa enfática do Supremo, nesta quarta-feira citando a Operação Lava-Jato, maior investigação já desencadeada no país contra a corrupção.
– Veja na Lava-Jato, acho que até aqui ofereceram 12 ou 14 denúncias de um volume de 50 ou 60 inquéritos abertos. Portanto, ela (Procuradoria) não é a instituição mais adequada para criticar o trabalho do Supremo.
O ministro apontou para tarefa de competência exclusiva do Ministério Público Federal – o oferecimento de denúncia criminal.
– O trabalho de oferecer denúncia é mais fácil do que julgar, mais fácil que fazer toda a instrução processual e julgar.
Gilmar Mendes observou que a Lava-Jato tem apenas um relator no Supremo, o ministro Teori Zavascki. A força-tarefa da Procuradoria-Geral da República conta um elenco numeroso de procuradores.
– No Supremo é um relator apenas para todas as medidas requeridas pela Procuradoria, cautelares (quebra de sigilo dos investigados), prisão, uma série de habeas corpus – destacou o ministro.
– Não se espera que haja cometimento de crimes em largo número e série (envolvendo autoridades com foro especial, como deputados e senadores). Mas o Brasil de hoje é esse. E o canal que se tem é o Supremo. Claro que o Supremo, embora trabalhando com dificuldades, busca dar a celeridade a todos os processos.
– Evidente que pode haver atrasos.
Para ele, a crítica seria "uma provocação".
– Cada um tem o seu defeito, mas gosta de ver os defeitos na casa dos outros. Não é apropriado dizer que o Supremo é lento.
*Estadão Conteúdo