O deputado estadual Enio Bacci (PDT) anunciou, na noite desta terça-feira, que iniciará a coleta de assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa com objetivo de investigar a gestão do Badesul durante o governo de Tarso Genro, entre 2011 e 2014.
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Em reportagem de Zero Hora, foi revelado que, a partir de flexibilização de garantias bancárias, o banco gaúcho de fomento sofreu calotes de R$ 157 milhões somente nos contratos assinados com as empresas Iesa Óleo e Gás, Wind Power Energia e D'Itália Móveis.
Todas as três tomaram financiamentos, apresentaram salvaguardas frágeis e entraram em inadimplência. Os fatos aconteceram quando o diretor-presidente do Badesul era Marcelo Lopes, que colocou em prática uma política expansionista, com crescimento célere da liberação de crédito, sobretudo para clientes considerados de risco.
Bacci disse que começará a coletar apoios à CPI nesta quarta-feira. Como a Assembleia está em recesso devido às eleições municipais, ele acredita que somente alcançará as 19 assinaturas necessárias na próxima terça-feira, dia de retomada das sessões plenárias.
– Já fiz alguns contatos e percebi que é tranquila a probabilidade de instalação. Temos duas questões a olhar. A primeira é a criminal, se houve dolo, má-fé ou propina. E o segundo viés é o ressarcimento ao Badesul. Alguém terá de pagar pelo prejuízo – disse Bacci, que acredita que os ex-dirigentes do banco e o ex-governador Tarso Genro, responsável pelas indicações aos postos-chave da instituição, devem ser os principais questionados.
Para Bacci, a estratégia do governo anterior foi "temerária". Ele definiu como "megalomania" a tentativa de desenvolver um polo naval em Charqueadas a partir de pesado financiamento do Badesul a empresas do setor, caso do Iesa.
– A irresponsabilidade foi tamanha que eles mesmos diziam que o próximo governo trabalharia apenas para pagar salário – concluiu o pedetista.
Na segunda-feira, o deputado estadual Sérgio Turra (PP) havia comunicado o início de coletas para uma CPI. Ele recuou horas depois, quando o Palácio Piratini anunciou uma sindicância para apurar os fatos, com trabalhos coordenados pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
– Temos de agir com responsabilidade. Como o governo propôs uma sindicância, acredito que possamos esperar e não sobrepor investigações. Se ela não chegar a uma conclusão que satisfaça, eu volto com o pedido de CPI. Em nenhum momento desisti, apenas entendi que podemos aguardar a sindicância, que, inclusive, pode nos trazer mais elementos para a CPI – afirma Turra.
Os contratos com a Iesa e Wind Power também são alvo de investigação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Banco Central. O Ministério Público analisa a hipótese de abrir apuração.
*Zero Hora