A atração de investimentos chineses para projetos de infraestrutura no Brasil é um dos pontos centrais da visita que o presidente Michel Temer iniciou nesta sexta-feira à China. No entanto, o principal objetivo de Temer com a viagem – no domingo, ele participa da reunião do G-20 –, é passar a mensagem de que o período de instabilidade política no Brasil foi superado e que seu governo está tomando as medidas necessárias para ajustar a economia e dar segurança aos que coloquem capital em grandes projetos de infraestrutura.
Em evento que reuniu cerca de 100 empresários brasileiros e 250 chineses em Xangai, alguns investimentos já foram anunciados. A CBSteel oficializou um acordo de US$ 3 bilhões (R$ 9,75 bi) para siderurgia no Maranhão. A China Communications Construction Company (CCCC) informou um aporte de US$ 460 milhões (R$ 1,5 bi) em um terminal multicargas em São Luís (MA). A Hunan Dakang disse que investirá US$ 1 bilhão (R$ 3,25 bi) em agricultura no Brasil. E a Embraer fechou a venda de pelo menos quatro aviões para dois grupos chineses.
– Agora, o Brasil sabe onde quer chegar – disse o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, no evento com os empresários.
Quintella afirmou que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff "restabeleceu a estabilidade política" no País. Entretanto, ele reconheceu que o País continua mergulhado em uma grave crise financeira, que restringe sua capacidade de investimentos em infraestrutura. Esse cenário, ressaltou, cria oportunidades para empresas estrangeiras em busca de projetos de longo prazo.
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Apesar da referência de Quintella à estabilidade política, Temer desembarcou em Xangai sob o impacto de mais uma crise em sua base de apoio no Congresso, sem a qual não conseguirá aprovar o ajuste fiscal nem o novo modelo de concessões, dois dos principais elementos de sedução de potenciais investidores estrangeiros. A manobra de parcela do PMDB para livrar Dilma Rousseff da perda dos direitos políticos irritou o PSDB e abalou o apoio do governo entre os parlamentares.
Principal articulador do acordo pró-Dilma, o presidente do Senado, Renan Calheiros, acompanha Temer na viagem à China. Também estão na comitiva os ministros José Serra (Relações Exteriores), Henrique Meirelles (Fazenda) e Blairo Maggi (Agricultura), além de Quintella, dos Transportes.
Reunião
Depois de participar de seminário com os empresários em Xangai, Temer foi para a Hangzhou, onde se reuniu com o líder chinês Xi Jinping às 16h50min de sexta-feira (5h50min, horário de Brasília), em sua primeira reunião oficial com um chefe de Estado estrangeiro.
Segundo uma fonte do governo brasileiro, a reunião serviria para que os dois líderes discutissem a "direção" que pretendem dar ao relacionamento bilateral.
O G-20 foi criado em 1999 e reúne a África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Coreia do Sul, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.