Após o Ministério Público Federal (MPF) anunciar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, constam na lista das oito pessoas denunciadas na Operação Lava-Jato nesta quarta-feira, apoiadores e opositores de Lula falaram sobre a decisão do MPF.
No Senado, o líder da oposição, Lindbergh Farias (PT-RJ), saiu em defesa do ex-presidente:
– O sentimento é de uma profunda revolta com esse procurador, que faz discurso político, fala de organização criminosa e não apresenta uma prova – disse Lindbergh sobre o chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol.
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Para o senador, essa é a concretização do golpe político.
– Primeiro o impeachment para afastar a Dilma e agora essa tentativa de inabilitar o Lula, para ele não concorrer às eleições de 2018 – afirmou.
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), disse ter certeza de que o triplex não é do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele insinuou que a denúncia do Ministério Público contra Lula é fruto de uma disputa política. Para Florence, "há seletividade nas ações do MP e o PT tem sido alvo de forma desproporcional".
– Não tenho dúvida de que o triplex não é dele e que vai se concluir que o pedido do MP não tem sustentação. Há três hipóteses: ou a denúncia foi feita de boa fé e o MP vai ter que provar, considerando que Polícia Federal já concluiu que o apartamento não é dele, ou é um erro dos procuradores, ou é perseguição política. Prefiro crer na primeira opção – declarou.
O vice-líder do PT, Paulo Pimenta (RS), também afirmou que os procuradores agiram de forma política. Segundo o deputado, a tentativa de incriminar Lula seria uma estratégia para evitar que o ex-presidente venha a concorrer nas próximas eleições presidenciais.
– Nós assistimos hoje uma demonstração inequívoca da perda de qualquer liturgia, de qualquer isenção por parte de setores do Ministério Público Federal que, definitivamente, se assumem como parte de uma estratégia política cujo um dos objetivos principais é a tentativa de criminalização do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores – disse.
– Não há nenhuma prova, o doutor Dallagnol em nenhum momento apresentou provas – completou.
Por meio de sua conta oficial no Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que a denúncia contra Lula "atende ao objetivo daqueles que pretendem impedir a candidatura de Lula em 2018".
O presidente do PT, Rui Falcão, também afirmou que a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o objetivo de impedi-lo de participar de novas eleições. De acordo com Falcão, a denúncia apresentada hoje pelo Ministério Público Federal no Paraná (MPF/PR) contra Lula é mais um episódio de perseguição a que o ex-presidente está submetido.
– Todo o processo é sem prova, um processo em função de delações, e ele tem um objetivo claro, nós declaramos desde o início: trata-se de tentar interditar o presidente Lula, que não cometeu nenhum crime. Insiste-se a atribuir a ele esse tipo de ilegalidade– disse Falcão, que participou de reunião do PT na capital paulista, na qual Lula também esteve.
– Eles não veem como suportar uma eleição direta. Depois de um bombardeio de mais de 10 anos, ele (Lula) continua liderando as pesquisas – acrescentou o presidente do PT.
No Twitter, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro também criticou a decisão do MPF:
O aspecto mais forte da apresentação da denúncia passa desapercebido: a afirmação do próprio denunciante de que
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O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Pauderney Avelino (AM), disse nesta quarta-feira, 14, que a denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprova o discurso de que houve desvios no governo petista, demonstrados em dois esquemas de corrupção: o mensalão e o petrolão.
"Ao contrário do que oferecia nas campanhas eleitorais, Lula e o PT só enriqueceram a si próprios, afundando o Brasil em sua maior recessão" declarou Pauderney em texto distribuído por sua assessoria.
"Sempre alertamos para os malefícios do aparelhamento da máquina pública por asseclas e apaniguados políticos", acrescenta o comunicado.
O deputado Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara dos Deputados, disse que a denúncia mostra que Lula usou o cargo de presidente para conseguir vantagens indevidas.
– Com as denúncias do Ministério Público e as informações da Lava-Jato estamos vendo tudo que já achávamos que o Lula é o comandante desse esquema – afirmou.
Bueno, porém, disse que ainda é preciso ouvir a defesa do ex-presidente e que caberá à Justiça definir a responsabilidade ou inocência de Lula.
O parlamentar gaúcho Onix Lorenzoni (DEM-RS) também comentou a denúncia. Segundo o deputado, não há perseguição política a Lula e ao PT por parte da Lava-Jato.
– O Ministério Público faz trabalho criterioso e a denúncia corrobora as informações de que a Polícia Federal já havia indicado – apontou. – Tenho certeza que a denúncia será recebida. Não há dúvida de que a propriedade do triplex é do Lula – completou.
O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), divulgou, por meio de nota, seu posicionamento sobre as manifestações do Ministério Público.
No texto, o senador diz que, se confirmada, a denúncia vai esclarecer a organização criminosa estabelecida pelo PT.
"O partido aguarda a importante e necessária decisão da Justiça sobre as acusações feitas e que, se confirmadas na sua integridade, não deixarão mais qualquer dúvida sobre a complexa estrutura da organização criminosa estabelecida pelo PT", escreveu o tucano.
*Zero Hora com informações de agências