Um grupo de mães de alunos da Escola das Nações, onde estuda o caçula do presidente em exercício Michel Temer, está incomodado com as mudanças na rotina do local após a chegada de Michelzinho e está se organizando para pedir providências à diretoria. De acordo com relatos de algumas mães, todos os dias, desde que o filho do peemedebista passou a estudar no colégio, o estacionamento é fechado para que ele possa ir embora, por volta das 15h. Com isso, elas precisam esperar o herdeiro de Temer sair para que possam pegar seus filhos.
O engarrafamento causado pelo esquema de segurança tem feito algumas das responsáveis pelas crianças perderem compromissos. Uma delas relatou que chegou a ficar mais de 20 minutos parada no trânsito para conseguir buscar o seu filho. A reclamação é que o estacionamento só é reaberto depois que o herdeiro de Temer deixa a escola.
Leia mais
Padilha diz que governo vê "com alegria" resultado da votação do impeachment
"Correu tudo conforme o esperado", avalia Temer sobre votação do impeachment
Para Planalto, votação no Senado demonstra força da gestão Temer
No grupo em que estão se organizando para formalizar a reclamação, uma das mães argumentou que entende a necessidade de segurança para Michelzinho, mas disse que elas precisam cobrar "tratamento isonômico".
Uma das hipóteses levantadas pelas mães é sugerir à diretoria que autorize que Michelzinho seja pego "antes ou depois" da liberação dos demais alunos. A reportagem tentou contato com a Escola, mas, segundo o telefonista, não havia mais ninguém no colégio neste horário. A assessoria de imprensa do Planalto não quis comentar.
Primeiro dia
No dia 26 de julho, primeiro dia de aula de Michelzinho na tradicional escola de Brasília, Temer abriu espaço na sua agenda e foi acompanhado da esposa Marcela buscar o garoto na saída.
Os jornalistas foram avisados pela assessoria do Planalto de que Temer iria à escola e que poderiam ser feitas imagens.
Na ocasião, a movimentação na porta da escola já tinha provocado irritação em outros pais.
– Por que vocês (imprensa) não vão atrás dos corruptos? Ele (Michelzinho) é só uma criança – disse uma mãe que não quis se identificar.
Outra mãe afirmou que a presença do filho do presidente em exercício e o assédio à escola causam mal-estar na comunidade. Animadas com as câmeras de TV, algumas crianças brincavam e tentavam chamar atenção.
Questionado se buscaria Michelzinho todos os dias, Temer respondeu:
– Só hoje, só hoje.
A equipe de imagens oficiais da Presidência acompanhou o casal. Ao assumir interinamente a Presidência, Temer decidiu trazer a família de São Paulo para Brasília e, então, matriculou Michelzinho no tradicional colégio. A casa da família em São Paulo foi alvo de protestos de grupos anti-Temer.
*Estadão Conteúdo