O advogado de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, tentou fazer um acordo com senadores pró-impeachment para evitar a impugnação de testemunhas que prestariam depoimentos durante o julgamento desta sexta-feira. A posição da jurista Janaína Paschoal, de não aderir a um acordo feito entre a defesa e a acusação de Dilma, surpreendeu o advogado.
Assim que o julgamento foi retomado após o almoço, Cardozo anunciou que, além de abrir mão do depoimento de ex-secretária de Orçamento Federal Esther Dweck, ele também concordava que o economista Luiz Gonzaga Belluzzo e o professor da Uerj Ricardo Lodi fossem ouvidos apenas como informantes.
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Em troca, Cardozo tentou convencer os senadores a não apresentar um pedido de impugnação contra o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e Geraldo Prado. Cardozo tentou articular o acordo com senadores do PSDB, como Aécio Neves e Tasso Jereissati, mas a advogada de acusação, Janaína Paschoal, não concordou e avisou que vai seguir com o plano inicial.
– A minha parte no acordo, eu cumpri. E por antecedência. Depois de abrir mão do Belluzzo, a Janaína quer impugnar tudo. Para mim, hoje, não é importante se é testemunha ou informante. Ontem era – disse sobre Júlio Marcelo, procurador da República junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), ouvido na quinta-feira.
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A avaliação do advogado de Dilma é a de que o fato de o acordo não ter ido para a frente, no fundo, "não muda nada". A decisão cabe ao presidente do Supremo que comando o processo de impeachment no Senado, Lewandowski.