O presidente afastado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, disse ter sido pressionado pelo ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Edinho Silva para fazer repasses à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014. O depoimento foi dado à força-tarefa da Operação Lava-Jato na quinta-feira, após o executivo ter fechado acordo de delação. Ele cita quatro encontros ocorridos durante o período eleitoral com o titular da Pasta e o assessor especial de Dilma Giles Azevedo.
O executivo voltou a citar uma reunião, em 2008, em que acusa o então presidente da legenda, Ricardo Berzoini, de cobrar 1% de todos os contratos da construtora com o governo federal.
– Quis jogar com ele (Edinho) no sentido de ele entender que eu estava ali (em 2014) cumprindo orientação também deles próprios (PT, após acordo com Berzoini), de 2008 – disse.
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Em 2014, a Andrade Gutierrez doou R$ 21 milhões para a campanha de Dilma e R$ 20 milhões para a campanha de Aécio Neves.
Edinho é investigado pela 13ª Vara Federal de Curitiba com base em delações premiadas que afirmam que ele pediu R$ 20 milhões para a campanha de Dilma, em 2014, mediante pressão. O ex-ministro, então tesoureiro da campanha, teria dito a doadores que qualquer repasse "se pagaria".
Procurado na noite desta quinta-feira, o ex-ministro não foi localizado. Edinho tem negado a prática de qualquer irregularidade e diz sempre agir "de maneira ética". A defesa de Giles também não foi localizada. Em ocasiões anteriores, Berzoini negou ter pedido repasses de propina à Andrade Gutierrez. A Andrade não comenta investigações em andamento e a assessoria de Dilma informou que ela não iria comentar.
*Estadão Conteúdo