A defesa do ex-presidente da Andrade Gutierrez e delator da Lava-Jato Otávio Marques Azevedo solicitou ao juiz Sergio Moro que todo o material das conversas de WhatsApp e mensagens SMS dos celulares do empreiteiro fiquem em segredo de Justiça.
No pedido, os advogados Juliano Breda e Flávia Trevizan alegam que existem nas mensagens material de "cunho íntimo" e pedem ainda que seja analisado quais conteúdos podem ser tornados públicos sem violar a privacidade de Otávio e sua família.
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Na residência do executivo, a Polícia Federal encontrou sete aparelhos celulares e identificou milhares de mensagens entre Otávio e políticos como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-ministro Paulo Bernardo, o ex-porta-voz de Dilma Thomas Traumann e o governador de Minas Fernando Pimentel, entre outros.
As mensagens revelam o bom trânsito político e até o assédio que Otávio Azevedo recebia de parlamentares, sobretudo de Eduardo Cunha, que chega a cobrar doações para seu correligionário Henrique Alves.
Há também diálogos do executivo com seus familiares que mostram seu apoio a políticos do PSDB, sobretudo ao presidente do partido Aécio Neves e ao "amigo" Fernando Pimentel, candidato do PT ao governo de Minas que Otávio indica para suas filhas votarem em 2014.
Compra de votos
Em um diálogo no WhatsApp com as filhas, no dia 17 de outubro de 2014, a uma semana do segundo turno das eleições presidenciais, Otávio e sua família, apoiadores públicos da candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República em 2014, chegam a sugerir, em tom de brincadeira, a compra de votos em favor do tucano.
"Mamãe ligou pra Cleide hoje e disse pra ela que vai dar R$ 100 pra ela caso ela consiga 50 votos pro Aécio!!! kkk", diz uma das filhas do executivo. A outra responde: "Eu tenho uma oferta melhor". Antes de comentar sua "proposta" porém, ela é interrompida por Otávio Azevedo: "Crime eleitoral, pode impugnar o Aécio se vazar", diz o pai. A segunda filha, contudo, já havia escrito a mensagem: "Eu dou R$ 50.000 pra mamãe se ela conseguir fazer a Raquelzinha filha da Constança votar no Aécio!!!"
A primeira filha, por sua vez, responde ao empresário e diz que era apenas uma brincadeira, ao que ele responde: "É lógico que sim, eu estava do lado dela quando ela falou! Fique tranquila, foi gozações (sic)."
Pego na Lava-Jato, Otávio Azevedo fez acordo de delação premiada e revelou em detalhes a atuação de uma das maiores empreiteiras brasileiras em esquema de corrupção na Petrobras, no setor elétrico e até em obras da Copa do Mundo.
Atualmente ele cumpre prisão domiciliar. Sua empresa também fez um acordo de leniência no qual aceitou devolver R$ 1 bilhão e revelou a atuação do cartel de empreiteiras em vários setores da economia brasileira.
*Estadão Conteúdo