A denúncia da Operação Pripyat, que acusa formalmente ex-dirigentes da Eletronuclear por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, aponta que "para distribuição da propina, foi criada uma verdadeira contabilidade pela construtora Andrade Gutierrez, entre 2008 e 2014, com sistemático pagamento de vantagens aos envolvidos na organização criminosa".
O Ministério Público Federal no Rio apresentou nesta quarta-feira a primeira denúncia da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Estado contra 15 pessoas suspeitas de envolvimento em esquema de fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro em contratos entre Eletronuclear e as empresas Andrade Gutierrez e Engevix para as obras da Usina de Angra 3.
Dentre os acusados, estão os ex-dirigentes da Eletronuclear Luiz Antônio de Amorim Soares, Luiz Manuel Amaral Messias, José Eduardo Brayner Costa Mattos, Edno Negrini e Pérsio José Gomes Jordani, além de ex-executivos da Andrade Gutierrez e Engevix. Os valores destinados ao núcleo político é investigado no Supremo Tribunal Federal.
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O Ministério Público Federal aponta que parte dos valores ilícitos da Andrade Gutierrez sobre obras de Angra 3 foram pagas a cinco ex-dirigentes do alto escalão da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras. A investigação mostra que dividiram 1,2% do valor total da obra (R$ 1,2 bilhão) o ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), o ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini (0,3%), o ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani (0,2%), o ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias (0,2%) e o ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).
Segundo os investigadores, Luiz Soares e Edno Negrini receberam até R$ 3,6 milhões e Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Persio Jordani embolsaram até R$ 2,4 milhões em propinas da construtora. Os valores teriam sido recebidos por meio de empresas intermediárias.Para os procuradores da República Lauro Coelho Junior, Leonardo Cardoso de Freitas, Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, e o procurador regional da República José Augusto Simões Vagos, que assinam a peça, a "denúncia apresenta o resultado da parcela mais significativa da investigação levada a cabo pelo Ministério Público Federal, cujo desfecho foi consumado na denominada Operação Pripyat, desdobramento da 16ª Fase da Operação Lava Jato (Radioatividade)".
Segundo o Ministério Público Federal, o objetivo era aprofundar a investigação de organização criminosa responsável pela prática de corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro na construção da Usina de Angra 3 pela Eletronuclear.
A partir de então, "descortinou-se a atuação de outros funcionários públicos, além do próprio ex-presidente da estatal Othon Luiz Pinheiro da Silva, e evidenciou-se a atuação de outros responsáveis por empresas interpostas utilizadas para viabilizar a lavagem dos ativos ilicitamente transferidos", apontam os procuradores.
Confira como funcionava o esquema de corrupção descoberto pela Lava-Jato: