Quando os atuais acionistas do Grupo Galileo, mantenedor da Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), adquiriram o controle da empresa, em 2013, não encontraram um centavo dos R$ 100 milhões levantados com a venda de debêntures para os fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios. A informação é do advogado Manoel Messias Peixinho.
Peixinho defende os atuais acionistas no processo de recuperação judicial, que culminou na decretação da falência do grupo, no mês passado, e numa ação cível contra os antigos sócios do grupo, Márcio André Mendes Costa e Ricardo Andrade Magro, que tiveram prisão temporária decretada nesta sexta-feira. Os pedidos de prisão fazem parte da Operação Recomeço, da Polícia Federal (PF), que investiga desvio de R$ 90 milhões dos fundos Petros e Postalis.
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Segundo a PF, os fundos de pensão teriam adquirido cerca de R$ 100 milhões em debêntures emitidas pela Galileo, mas os recursos não foram aplicados na universidade. Na ação cível movida pelos atuais acionistas, Peixinho pede o ressarcimento dos R$ 100 milhões.
Para piorar, segundo o advogado, a operação tinha como garantia as mensalidades do curso de medicina da Gama Filho. O bloqueio dessa receita teria sido determinante para o agravamento da situação financeira da instituição de ensino, que, assim como a UniverCidade, acabaria sendo descredenciada pelo Ministério da Educação (MEC) em janeiro de 2014.
Peixinho não detalhou quem são os novos sócios do grupo, descritos como empresários pouco conhecidos, que investiram no Grupo Galileo em função do renome da Gama Filho no mercado carioca de ensino superior. Tradicional, a instituição é uma das poucas universidades privadas a oferecer o curso de medicina no Rio.
Segundo Peixinho, o processo de recuperação judicial estimou o patrimônio do Galileo em cerca de R$ 2 bilhões, sobretudo em imóveis. Os passivos também são vultosos e incluem dívidas trabalhistas, fiscais e previdenciárias.
O Grupo Galileo nasceu em 2010, sob comando de Márcio André Mendes Costa, para comprar o controle da Gama Filho e da UniverCidade. Na ocasião, a família Gama (Paulo César Prado Ferreira da Gama e Luiz Alfredo da Gama Botafogo Muniz também tiveram prisões temporárias decretadas nesta sexta-feira) e o ex-banqueiro Ronald Levinshon, dono da UniverCidade, já enfrentavam dificuldades financeiras na gestão das instituições. A venda do controle parecia a solução.
*Estadão Conteúdo