O procurador da República Andrey Borges de Mendonça, que faz parte da força-tarefa da Operação Custo Brasil, afirmou que há evidências que o PT teria recebido uma parte da propina de R$ 100 milhões do esquema instalado no Ministério do Planejamento entre 2009 e 2015 por meio da empresa de tecnologia Consist Software. O esquema seria chefiado pelo ex-ministro da Pasta Paulo Bernardo, preso na manhã desta quinta-feira, em Brasília.
De acordo com a Polícia Federal, a Consist, responsável por gerenciar o sistema de empréstimos consignados de funcionários públicos, cobrava um valor cerca de três vezes maior pelo serviço. Esse valor extra era destinado para funcionários públicos do Ministério do Planejamento e políticos.
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Além de Paulo Bernardo, que ficava com 9,6% da propina, o ex-vereador petista Alexandre Romano, preso no ano passado na Operação Lava-Jato, era destinatário de 20% dos recursos ilícitos. Deste total, cerca de 80% seria destinado ao PT.
– Há evidências que indicam que o PT teria recebido uma parcela das propinas – afirmou Borges, que diz que é necessária maior investigação para saber o quanto o partido teria recebido no esquema.
De acordo com o procurador, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, também alvo de mandado de prisão, tinha função "exponencial" no esquema da Consist, sendo ele um dos articuladores do contrato da empresa com o Ministério do Planejamento.
– O Vaccari coordenava o recebimento da propina para o PT e indicava por meio de quais empresas o dinheiro seria distribuído – disse.
A investigação indica ainda, segundo Borges, a participação direta de Paulo Bernardo no esquema de corrupção.
– Foi o ministro que indicou pessoas estratégicas para o esquema quando ainda estava no Planejamento – disse.
A Custo Brasil é um desdobramento da Lava-Jato. O inquérito policial foi instaurado em dezembro de 2015, após a decisão do Supremo Tribunal Federal para que a documentação arrecadada na 18ª fase da Lava-Jato, conhecida como Pixuleco II, fosse encaminhada para investigação em São Paulo.
Protesto
Um homem e uma mulher fazem um pequeno protesto na porta da PF em São Paulo, onde o procurador participou há pouco de uma coletiva de imprensa. Dizendo-se apartidários, eles pediam a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a intervenção militar no país.
*Estadão Conteúdo