A ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade) afirmou, na noite desta segunda-feira, que o governo interino convive com uma contradição do lado econômico e político.
– Parece que a gente tem uma equipe econômica tentando governar e o presidente Temer tentando se explicar na grave crise política que estamos vivendo – disse ao participar do programa Roda Viva da TV Cultura. – É equipe econômica competente dentro de um governo politicamente insolvente.
Marina destacou que três ministros do governo Michel Temer caíram por envolvimento na Lava-Jato. Para a ex-senadora, derrotada na disputa presidencial em 2014, o governo do peemedebista sofre dificuldades em função da "natureza do próprio governos". Ela destacou que PT e PMDB governaram juntos por 13 anos.
– Nesses 13 anos nunca vi o PMDB fazendo críticas à economia.
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Marina elogiou a proposta do governo interino de limitar as despesas do Estado, mas criticou o fato de ter se passado de um déficit da ordem de R$ 90 bilhões para um déficit previsto para 2016 de R$ 170 bilhões.
– É um aumento de gastos, empurrado para o próximo governo – concluiu.
A ex-senadora repetiu a visão da maioria da Rede, com a qual diz concordar, de que há materialidade legal para o impeachment de Dilma Rousseff, mas que o afastamento da petista por essa via não é a solução para a crise política do país, por isso defendem a cassação da chapa Dilma/Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a realização de novas eleições.
– O impeachment alcança a legalidade, mas não alcança a finalidade – afirmou ao alegar que a Rede já previa desde o início do processo que o impeachment não seria o fim da crise, pois PT e PMDB praticaram irregularidades juntos.
Questionada se pretende voltar a se candidatar à Presidência da República novamente, Marina Silva repetiu a evasiva de entrevistas recentes.
– Não sei se serei candidata. Já dei minha contribuição para o debate da sustentabilidade, sobre um realinhamento político. Quero continuar contribuindo, mas não se contribui apenas sendo candidata.
Citação
Sobre a notícia envolvendo seu nome em delação do empreiteiro Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, Marina afirmou que estava enganado quem, com vazamentos, esperava tirar dela críticas contra a Lava Jato. "Quem esperava arrancar de mim qualquer palavra contra a Lava Jato está redondamente enganado. Mais do que nunca, é fundamental o trabalho da Justiça, do Ministério Público, da Polícia Federal", afirmou.
Ela defendeu seu vice na chapa de 2010 pelo PV, o empresário Guilherme Leal, argumentando que ele não fez qualquer pedido de caixa 2 para a campanha.
– Tenho certeza que o Guilherme jamais faria uma abordagem dessa natureza – disse ao afirmar que a denúncia, ainda não confirmada pela divulgação oficial da delação, seria uma "grande injustiça" com sua campanha em 2010.
Ela disse que vai provar essa retidão com a prática política e não com discursos.