O ex-tesoureiro do PT e ex-deputado federal, Paulo Ferreira (PT-RS), se entregou na tarde desta sexta-feira. O petista gaúcho, que teve a prisão preventiva decretada na Operação Custo Brasil, se apresentou à Justiça Federal de São Paulo, prestou depoimento ao juiz Paulo Bueno de Azevedo e foi encaminhado à Polícia Federal, onde ficará preso.
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O ex-tesoureiro é suspeito de participar de um esquema com empréstimos consignados que teria desviado mais de R$ 100 milhões do Ministério do Planejamento. A operação também prendeu o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações, Paulo Bernardo (PT-PR). Ferreira teve a prisão decretada na quinta-feira, porém a Polícia Federal não o encontrou. Ele mudou de residência recentemente e os agentes foram ao seu antigo endereço.
A confusão se deu na carona da abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Casado com a ex-ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, Ferreira vivia com ela e a filha em um apartamento funcional em Brasília. Com o afastamento da presidente, em 12 de maio, Tereza foi exonerada e perdeu o direito ao imóvel. Segundo o Ministério do Planejamento, a ex-ministra entregou o apartamento há uma semana, em 17 de junho.
Na quinta-feira pela manhã, com a divulgação de que estaria entre os presos da Operação Custo Brasil, Ferreira foi procurado pela Rádio Gaúcha e deu entrevista. Afirmou que estava em uma reunião fora da Câmara, onde trabalha como assessor na Comissão de Fiscalização e Controle, na cota de cargos de confiança do deputado Leo de Brito (PT-AC), presidente do colegiado. Por volta das 10h, o ex-tesoureiro falou por telefone com a colunista Carolina Bahia. Estava em casa, ao lado da mulher.
- Estou tranquilo, estou na minha casa. Vou tomar um banho e fazer a barba - disse.
Ciente de que havia um mandado de prisão em seu nome, Ferreira procurou o advogado José Roberto Batochio. Tradicional jurista paulista, ele já defendeu o deputado Paulo Maluf (PP-SP) e o ex-ministro Antonio Palocci. Recentemente, reforçou a equipe jurídica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava-Jato. Batochio acertou a estratégia para o petista gaúcho se entregar na tarde sexta-feira.
Secretário de Finanças do PT entre 2005 e janeiro de 2010, Ferreira é o terceiro tesoureiro do partido a ser preso. Seu antecessor, Delúbio Soares, foi preso depois de condenado no julgamento do mensalão. Seu sucessor, João Vaccari Neto, está preso em função da Lava-Jato.
Depois de entregar a tesouraria do partido a Vaccari, o gaúcho concorreu a deputado federal, em 2010. Ficou como suplente, mas assumiu a cadeira entre 2012 e 2014. Na eleição seguinte, voltou a ser suplente, porém não tomou posse. Nos últimos anos, exerceu cargos de confiança na Câmara ligados ao PT.
*Estadão Conteúdo