Em sua delação à Procuradoria-Geral da República, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que foi preso em janeiro de 2015 na Operação Lava-Jato, falou à força-tarefa sobre o plano de fuga e uma suposta promessa da presidente afastada Dilma Rousseff para tirá-lo da cadeia.
– Ela estava preocupada com a eleição. Março de 2014 ela preocupada com a eleição. Ao invés de dar explicação, que existia uma explicação porque todas as cláusulas constam das informações que foram enviadas pelo Conselho (de Administração). A Dilma participou o tempo todo – afirmou. – Meu filho (Bernardo) voltava e dizia: "Olha, não se preocupa que o Delcídio (Delcídio Amaral, então líder do Governo no Senado) tá se mexendo". Se mexendo era o seguinte: tava conversando com os juízes, tava conversando com a Dilma. Uma das coisas que foi dita, que meu advogado (Edson Ribeiro) me disse, é que numa dessas conversas com Delcídio, o Delcídio, como líder do Governo, despachava diariamente com a Dilma e Dilma teria dito "nós não vamos deixar os meninos presos". Os meninos é o Duque (Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras) e eu. Eu conheço a Dilma há 16 anos, viajei com Dilma, trabalhava direto com Dilma, a refinaria (Pasadena) foi discutida com Dilma. Eu ia pra Bolívia inaugurar, quer dizer eu chamava a Dilma por Dilma, antes dela ser presidente, não é arrogância, nem nada. Eu conheci ela como secretária de Estado, secretária de Estado e eu diretor da Petrobras. Não ia chamar de doutora Dilma, chamava de Dilma. Ela me chamava de Cerveró, não sei porque, meu nome é Nestor eu na Petrobras sou conhecido como Nestor, na mídia passei a ser chamado de Cerveró – disse Cerveró, na delação.
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Em sua defesa, a assessoria de Dilma Rousseff divulgou nota onde afirma que a presidente afastada "jamais manteve relação de amizade com o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, embora o conheceu devido ao cargo que ocupava" e que "reitera que jamais teve conhecimento sobre as atividades ilícitas praticadas por Nestor Cerveró na Petrobras e, portanto, jamais compactuou com tais condutas".
O texto afirma ainda que foi a Diretoria Executiva da Petrobras quem comunicou ao Conselho de Administração "não ter Nestor Cerveró entregue as informações necessárias sobre as condições da compra, em 2006, de 50% das ações da Refinaria de Pasadena". Por meio da inclusão de trechos de atas das reuniões na estatal feitas à época, a nota diz que "fica evidente" que o "Conselho de Administração da Petrobras jamais teve conhecimento" e "não autorizou a aquisição voluntária da participação dos 50% restantes das ações da Refinaria de Pasadena".
A nota fala ainda que a delação é um "teatro montado" por alguém que "não tem credibilidade e é suspeito de crimes" e que isso "não intimida" Dilma: "Ela tem a consciência tranquila e reitera que as provas que demonstram as calúnias de Nestor Cerveró são contundentes", conclui o texto.