O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, emblemática figura da Operação Lava-Jato, vai para casa. Cota do PMDB e indicação pessoal do ex-senador Delcídio Amaral no esquema de corrupção na estatal petrolífera, Cerveró colocou tornozeleira eletrônica nesta quinta-feira, na sede da Justiça Federal, em Curitiba – onde está preso desde 14 de janeiro de 2015.
Condenado em dois processos penais e alvo de outras frentes do escândalo Petrobras, Cerveró viaja na sexta-feira pela manhã para o Rio, onde cumprirá prisão domiciliar.
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A mudança de regime prisional faz parte do acordo de delação premiada fechado em novembro de 2015 com o Ministério Público Federal. Nele, o ex-diretor citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Junto com o filho, gravou o líder do governo no Senado, Delcídio, tentando comprar seu silêncio – e deu início ao fim do governo Dilma Rousseff.
Amanhã, ele vai em um voo comercial para o Rio. Um ano e meio atrás, quando chegava de Londres, Cerveró foi preso pela Polícia Federal, alvo da 8ª fase da Lava-Jato. Acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e participação na organização criminosa que desviou mais de R$ 20 bilhões da Petrobras e patrocinou partidos e campanhas da base aliada e da oposição, desde 2004, ele chegou a passar as festas de fim de ano em casa, e voltou para a carceragem da Federal, em Curitiba.
Condenado em dois processos julgados pelo juiz federal Sérgio Moro, da Lava-Jato, em Curitiba, Cerveró é alvo ainda de outra ação penal e inquéritos. Pelo acordo de delação premiada, fechado com a Procuradoria-Geral da República (PGR) – dos processos envolvendo políticos com foro especial –, suas penas não podem ultrapassar os 25 anos.
Com isso, o período de regime fechado ficou estabelecido que seria de 1 ano, 5 meses e 9 dias. O resto será cumprido em casa, no Rio, sua terra natal. Ao ser ouvido no ano passado, pelo juiz Sergio Moro, ele brincou "eu não chego a ser um garoto de Ipanema, mas morei 45 anos em Ipanema".
Delator das propinas na compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, um dos primeiros episódios ruidosos do escândalo Petrobras, e responsável pela prisão de Delcídio e do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, ele aceitou devolver R$ 17 milhões em seu acordo de delação.
*Estadão Conteúdo