As negociações do acordo de delação de Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da OAS condenado a 16 anos de prisão, teriam travado devido à maneira como o empreiteiro narrou dois episódios que envolvem o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Pinheiro declarou que as obras que a OAS fez no apartamento triplex do Guarujá (SP) e no sítio de Atibaia (SP) foram uma ação da empresa para agradar ao petista, e não contrapartidas a algum benefício que o grupo tenha recebido.
No entanto, procuradores consideram a versão pouco plausível. Para eles, o empreiteiro busca preservar a imagem Lula com a sua versão.
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Pinheiro começou a negociar a delação em março deste ano. Entretanto, ainda não há perspectivas de que o trato seja fechado. A freada ocorre em um momento em que OAS e Odebrecht disputam uma corrida para selar acordos.
Condenado em agosto do ano passado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o ex-presidente da OAS pode voltar para a prisão neste mês, quando o Tribunal Regional Federal (TFR) de Porto Alegre deve julgar o recurso de seus advogados. Por isso, Pinheiro corre para fechar um acordo de delação.
O risco de voltar à prisão está relacionado à mudança na interpretação da lei feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro deste ano, que estabelece que a pena deve ser cumprida a partir da decisão de segunda instância.
Pineheiro ficou preso por cerca de seis meses. Procurados pela Folha, o Instituto Lula e a OAS não quiseram se pronunciar.