Ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu aparece novamente entre os suspeitos de receberem propina no esquema de corrupção da Petrobras na nova fase da Operação Lava-Jato, chamada Vício, deflagrada nesta terça-feira. O nome do petista ressurge seis dias após ele ser condenado à maior pena aplicada pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela operação na primeira instância. Foram 23 anos de prisão.
Nesta fase da Lava-Jato, o ex-ministro é investigado pela suspeita de receber parte das propinas da ordem de R$ 40 milhões pagas no Brasil e no Exterior por empresas fornecedoras de tubos da estatal – setor inédito nas investigações da operação – a funcionários da petrolífera e agentes políticos entre 2009 e 2013. Desse total, José Dirceu teria ficado com R$ 1,7 milhão.
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Em coletiva de imprensa, os investigadores disseram que a Apolo Tubulares e a Confab, duas grandes fornecedoras de tubos no país, assinaram contratos com a Petrobras em mais de R$ 5 bilhões. As empresas de tubos teriam utilizado uma construtora de fachada, um escritório de advocacia e transferências no exterior por meio de offshores para fazer os pagamentos ilícitos.
– (Essa fase) reflete como estão viciadas as esferas de contratação no Estado, nesse exemplo na Petrobras. É necessário passar por um processo de desintoxicação – afirmou o delegado Rosalvo Ferreira Franco, superindentente da Polícia Federal (PF) do Paraná, se referindo ao fato de que a corrupção na estatal não envolvia apenas empreiteiras.
A operação Vício conseguiu responder a uma "dúvida essencial" nos esquemas de corrupção, conforme o procurador da República Roberson Pozzobon: quem iniciou o processo, o empresário ou o político?
– Ficou muito claro que empresários pagaram propina para prosperar – afirmou Pozzobon, explicando que os donos das empresas procuraram os articuladores do esquema para conseguir os contratos com a Petrobras. – Transformaram a propina em modelo de negócio.
No total, foram cumpridos, na 30ª fase da operação, dois mandados de prisão preventiva, 10 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada pela autoridade policial para depor) e 28 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo. Foram presos Flávio Henrique de Oliveira e Eduardo Aparecido de Meira, ambos sócios da empresa Credencial, apontada pela Lava-Jato como uma "noteira", ou seja, usada para lavagem de dinheiro.
Conforme os investigadores, a Credencial recebeu R$ 30 milhões para executar serviços, mas não tinha sequer funcionários e sua sede era a casa de um dos donos. Além disso, todos os recursos que recebia eram quase que imediatamente sacados.
Segundo a Procuradoria, o irmão de Dirceu, advogado Luís Eduardo Oliveira e Silva indicou ao lobista Julio Camargo a Credencial para fazer o repasse de propinas. Segundo Julio Camargo, a propina de 25% para Dirceu saiu de um total de R$ 6,679 milhões, valor repassado “sem causa” para a Credencial.
Em infográfico, confira os desdobramentos da Lava-Jato:
* Zero Hora, com agências