Ao retornar para o Senado, um dia depois de pedir exoneração do ministério do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) será alvo, no Conselho de Ética, de processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar. O pedido, protocolado nesta terça-feira pelo senador Telmário Mota (PDT- RR), adversário do peemedebista em Roraima, e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, acusa o peemedebista de tentar obstruir a investigação da Operação Lava-Jato.
O presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto (PMDB-MA), tem cinco dias úteis para dizer se vai acolher a representação, que tem como base os trechos da conversa em que Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado falam sobre a investigação Lava-Jato.
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De acordo com o documento protocolado por Telmário e Lupi, no diálogo "verifica-se que, durante toda a conversa divulgada, resta inequívoco o propósito do denunciado de utilizar o governo de Michel Temer para atrapalhar ou impedir as apurações da operação contra os agentes políticos envolvidos". "É clara - sem sombra de dúvidas - a intenção do Senador denunciado de buscar proteção pessoal e se esquivar do alcance das investigações, mediante um grande acordo", diz o texto.
O documento faz uma analogia ao caso de Delcídio Amaral (sem partido-MT), que foi preso e acabou cassado após a divulgação de áudios em que ele foi flagrado articulando para obstruir o trabalho dos investigadores da Lava-Jato. A representação contra Delcídio foi relatada por Telmário Mota.
"Há um claro propósito de que o novo governo, com o vice-presidente Michel Temer, resolva os 'problemas' que a Operação Lava-Jato acarretou à classe política tradicional no Brasil. Além disso, os áudios demonstram a opinião do senador de que seria necessário afastar a presidente da República, Dilma Rousseff, para que a sangria da Operação Lava-Jato seja estancada", afirma o documento.
Pouco antes de entrar com a representação, Telmário afirmou que considerou, na gravação em que Jucá é pego, uma flagrante tentativa de obstrução da Justiça.
– Ele fala que é preciso ter o impeachment para fazer um pacto nacional para paralisar a Operação Lava Jato. Isso é obstrução da Justiça – disse.
Já como senador, Jucá compareceu à sessão do Congresso para votar a alteração da Meta Fiscal. No plenário, Jucá disse que no diálogo gravado não há nenhuma ação que denote tentativa de barrar a Lava-Jato.
O peemedebista afirmou que solicitou informações ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para saber se houve algum crime no diálogo gravado.
– Falei para o Michel (Temer) que me afastei enquanto a PGR não responder essa questão – disse. –Amanhã me defenderei no plenário do Senado", completou.