Nome de confiança de Dilma Rousseff, o ministro Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência) pretende deixar o Palácio do Planalto, caso o Senado aprove a abertura do processo de impeachment, ao lado da presidente que ajudou a eleger em 2014. O petista gaúcho confia que a amiga não será cassada.
Leia mais
AO VIVO: acompanhe a sessão que votará a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado
Em entrevista a Zero Hora, Rossetto chama o vice Michel Temer de "impostor" e classifica como "movimento criminoso" a ideia do PMDB de realizar a reforma da Previdência com a definição de uma idade mínima para aposentadoria. Confira os principais trechos.
A presidente Dilma Rousseff escapará do impeachment?
Vamos trabalhar por meses nesse debate. Não vamos permitir que uma minoria oportunista de senadores tente substituir uma presidente eleita pelos brasileiros. Na Constituição não existe eleição indireta para presidente, quem elege presidente é o povo.
Como defender o mandato da presidente?
Se confirmado o afastamento, teremos meses de um intenso debate. Não haverá estabilidade no Brasil a partir de uma brutal violência. Não vamos reconhecer esse governo. O Senado não vai encontrar crime de responsabilidade na conduta da presidente e espero que não cometa um crime contra a democracia.
O senhor fica em Brasília? Vai viajar para reunir movimentos sociais?
Vou aguardar a parecer da comissão de ética pública, há restrições para atuação de um ministro que deixa o governo. Com certeza seguirei defendendo a democracia, os direitos sociais e trabalhistas, viajando pelo Brasil e, principalmente, pelo Rio Grande do Sul. Defendo um projeto de desenvolvimento para o Brasil que combate à desigualdade.
Houve uma reunião de ministros pela manhã. Os senhores acertaram que sairão do governo juntos com a presidente?
Fico e saio junto com a presidente Dilma. Estarei ao lado dela no Palácio do Planalto. Não haverá transição política de governo, pois não se reconhece um governo golpista. Não há legitimidade e legalidade em um governo que não foi eleito. Temer é um impostor.
O governo Temer também fala em reforma da Previdência, mas o PMDB defende abertamente a idade mínima para aposentadoria. Qual sua opinião?
Será um movimento criminoso, contra o aposentado. É um programa de governo retrógrado, com ideias de dissociar o benefício do salário mínimo, com propostas de rasgar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). É um retrocesso social, vai devolver o país ao século 20, com uma política de violência e exclusão, que vai punir os mais pobres.
Como o senhor entrega o Ministério do Trabalho e Previdência?
Nos meses em que permanecemos, sempre com diálogo, incentivamos a proteção ao emprego, ampliamos a capacitação de jovens, aprimoramos o gasto da Previdência, trabalhamos em uma modernização do Sine, tivemos um grande avanço social com a regulação do trabalho domésticos no E-Social. Assinei hoje uma portaria em relação ao combate do trabalho escravo, retomando a lista de empresas sujas. Ainda aumentos o investimento do FGTS para garantia da moradia popular.
*Zero Hora