O PT está usando as relações que mantém com partidos de diversos países em sua estratégia para afirmar no Exterior que um golpe está em curso no Brasil. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se envolveu na tarefa. Em dezembro, ele discursou no congresso do Partido Social Democrata Alemão (SPD), em Berlim, para mais de 300 convidados de 40 partidos políticos de vários países. Recebido por Martin Schulz (SPD), presidente do Parlamento Europeu, Lula disse que o impeachment contra Dilma era "uma vingança de Eduardo Cunha".
Em nota, o SDP, que participa da coalizão de governo de Angela Merkel, afirmou que a "oposição brasileira abusou do instrumento do impeachment" e declarou que "a medida é um precedente perigoso para a democracia no país".
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Na sexta-feira, o ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero expressou "preocupação com a situação no Brasil", mas o socialista evitou qualificá-la como golpe.
– Esse impeachment levará a uma reflexão na América Latina e abrirá um debate sobre esse processo – comentou.
Na quinta-feira, o Partido Socialista chileno divulgou nota na qual se solidarizou com a presidente afastada. O PS é o partido da presidente chilena Michelle Bachelet. Outras lideranças do país declararam apoio a Dilma, como o ex-candidato à presidência Marco Enríquez-Ominami, do Partido Progressista (PP). O ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica também defendeu Dilma.
Políticos da esquerda europeia no poder na França e na Itália também apoiaram a petista. O ex-primeiro-ministro da Itália Massimo D'Alema, do Partido Democrático (PD) – o mesmo do chefe de governo, Matteo Renzi –, disse à agência de notícias Ansa que, contra Dilma, há uma "perseguição política da parte de um grupo de personagens indecentes".
– Dilma tem responsabilidade política, mas o impeachment é um abuso, pois não há base jurídica e é um precedente perigoso para o país, que corre o risco de acabar nas mãos de um governo ilegítimo, com pouco crédito internacional – avaliou.
Deputado e membro da direção do Partido Socialista (PS) francês, Pascal Cherki classificou o impeachment como "golpe de Estado". Para Jean-Louis Gagnaire (deputado do PS), Dilma é vítima de uma "coalizão de parlamentares corrompidos". O PS publicou em seu site um artigo de Maurice Braud, um de seus secretários, acusando a direita brasileira de querer desestabilizar o país.