O senador Romero Jucá (PMDB-RR) chamou, nesta terça-feira, o senador Telmário Mota (PDT-RR) de "bandido" e "desqualificado". Adversário político de Jucá em Roraima, o parlamentar pedetista protocolou, em nome de seu partido, representação contra o peemedebista no Conselho de Ética do Senado. Ele acusa Jucá de quebrar o decoro parlamentar ao tentar obstruir as investigações da Operação Lava-Jato.
– Qualquer representação é legítima. Agora, se nós formos ver os autores, um dos autores é um bandido, que a mulher está sendo presa hoje, provavelmente, o senador Telmário Mota, porque roubou dinheiro na Assembleia Legislativa para sustentá-lo. Portanto, ele é um desqualificado. E o outro é o Carlos Lupi (presidente nacional do PDT), que não merece nenhum tipo de comentário. Então, partindo do PDT, qualquer tipo de representação considero uma brincadeira – disse Jucá, sem dar detalhes das acusações.
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Na representação protocolada nesta terça, Telmário usa como embasamento trechos da conversa entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado (PMDB-CE) divulgados na segunda-feira pelo jornal Folha de S.Paulo. No diálogo, o senador peemedebista propõe um "pacto" do governo Michel Temer para estancar as investigações da Lava-Jato. A conversa acabou provocando a saída do parlamentar do Ministério do Planejamento.
De acordo com Jucá, a conversa com Machado ocorreu "de manhã cedo", em sua residência, em Brasília, enquanto tomava café. Na conversa, o senador afirma que os dois também falaram sobre outros assuntos políticos e econômicos, entre eles, o processo de "remontagem" do PMDB.
– Tudo o que eu disse ali, vou explicar amanhã (no plenário do Senado) – afirmou o ex-ministro do Planejamento.
Jucá evitou criticar diretamente Machado pela divulgação do áudio. Na avaliação do senador, cabe ao o ex-presidente da Transpetro explicar as gravações.
– Se ele teve a capacidade de gravar várias pessoas da forma que gravou, não me cabe discutir (nos bastidores, fala-se que ele gravou o presidente do Senado, Renan Calheiros). Não vou avaliar o comportamento de ninguém. Portanto, se ele tomou essa posição, ele que deve explicar – disse.
Defesa
Jucá afirmou que irá se defender na quarta-feira, no plenário do Senado, das acusações que vem sofrendo após o vazamento do áudio de uma conversa com o ex-senador Sérgio Machado.
– Tratarei amanhã no discurso do plenário do Senado (as acusações) e estarei a disposição para debater – afirmou.
Jucá manteve o discurso de que tudo que falou com Machado também disse à imprensa e reforçou que não fez nenhuma ação para impedir a Lava-Jato.
– Falei com ele apenas como senador da República – disse, antes de reforçar que não cometeu nenhum ato de irresponsabilidade.
O ex-ministro disse ainda que encaminhou ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, uma correspondência onde solicita informações sobre possíveis crimes em sua fala com Machado.
– Falei para o presidente em exercício, Michel Temer, que me afastei do ministério enquanto a PGR não responder essa questão – frisou.
*Estadão Conteúdo