A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de novos inquéritos contra políticos dentro da Operação Lava-Jato com base na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS).
Um dos inquéritos inclui o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG); outro apura denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); um terceiro mira o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (PT-SP), que atuou como tesoureiro da campanha presidencial do PT em 2014; e um quarto inquérito para apurar suspeitas contra o ex-presidente da Câmara e deputado federal Marco Maia (PT-RS) e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo.
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Os pedidos para abertura dos inquéritos foram repassados ao ministro Teori Zavascki, relator dos casos decorrentes da Lava-Jato no STF. Cabe ao magistrado autorizar o início das apurações.
A nova leva de investigações se baseia em fatos narrados na delação de Delcídio. A PGR quer investigar Maia e o ex-senador e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo (PMDB-PB), pela suspeita de cobrança de “pedágio” de empreiteiros durante a CPI Mista da Petrobras, em 2014. Na tentativa de evitar convocações para depoimentos, os executivos teriam de repassar recursos para campanhas de um grupo de parlamentares. Vital presidiu a comissão e Maia era o relator.
Segundo o depoimento de Delcídio, os empreiteiros fizeram uma "força-tarefa" para barrar as convocações, grupo que seria coordenado por Léo Pinheiro, da OAS. Ainda integrariam a força-tarefa Julio Camargo (Toyo Setal), Ricardo Pessoa (UTC) e José Antunes Sobrinho (Engevix).
Por meio de nota, Maia afirma que a investigação mostrará que ele é "vítima de uma mentira deslavada e descabida". O parlamentar nega as acusações de Delcídio, destacou que defendeu indiciamento e investigação dos envolvidos nos desvios da Petrobras e lembrou que não recebeu doações de campanha das empreiteiras.
Confira a íntegra da nota do deputado
"Quanto à iniciativa do MPF de pedir a abertura de inquérito envolvendo minha pessoa gostaria de dizer:
Que entendo a posição do MP, mas a investigação irá mostrar que sou vítima de uma mentira deslavada e descabida com o único intuito de desgastar a minha imagem e a do Partido dos Trabalhadores, o qual faço parte. Refuto com indignação as ilações ditas a luz de acordos de delação.
Fui relator de uma CPMI em 2014, onde pedi o indiciamento daqueles que me acusam, o que foi aprovado pela comissão. Foram 53 indiciamentos e mais o pedido de investigação de 20 empresas ao Cade, pela pratica de crime de Cartel.
Como já havia afirmado anteriormente, não recebi nenhuma doação para minha campanha eleitoral em 2014 de empresa que estivesse sendo investigada pela CPMI.
Por fim utilizarei de todas as medidas legais para que a verdade seja estabelecida e para que os possíveis desgastes a minha imagem de parlamentar sejam reparados na sua integralidade".
A assessoria de Aécio Neves também divulgou uma nota, através de redes sociais, reiterando que o senador apoia as investigações da Lava-Jato e tem convicção de que ficará clara a falsidade das citações:
"O senador Aécio Neves considera absolutamente natural e necessário que as investigações sejam feitas, pois elas irão demonstrar, como já ocorreu outras vezes, a correção da sua conduta.
Quando uma delação é homologada pelo Supremo Tribunal Federal, como ocorreu com a delação do senador Delcídio Amaral, é natural que seja feita a devida investigação sobre as declarações dadas.
Por isso, na época, o senador defendeu publicamente que fossem abertas investigações sobre as citações feitas ao seu nome.
Como o próprio senador Delcídio declarou recentemente, as citações que fez ao nome do senador Aécio foram todas por ouvir dizer, não existindo nenhuma prova ou indício de qualquer irregularidade que tivesse sido cometida por ele.
Trata-se de temas antigos, que já foram objetos de investigações anteriores, quando foram arquivados, ou de temas que não guardam nenhuma relação com o senador.
O senador Aécio Neves reitera o seu apoio à operação Lava-Jato, página decisiva da história do país, e tem convicção de que as investigações deixarão clara a falsidade das citações feitas".
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, também divulgou nota nesta segunda-feira,na qual classificou as declarações do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), em delação premiada, como "mentiras escandalosas". Ele também reiterou que é a favor da apuração "de todos os fatos" com relação a sua atuação na campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014.
"Sempre agi de maneira ética, correta e dentro da legalidade. As afirmações do senador Delcídio Amaral são mentiras escandalosas. Jamais orientei o senador a "esquentar" doações, jamais mantive contato com as mencionadas empresas, antes ou durante a campanha eleitoral", afirmou o ministro, em nota.
Edinho reafirmou que as doações para a campanha de Dilma foram declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral e "aprovadas por unanimidade pelos ministros do TSE".