O recente trabalho da Procuradoria-Geral da República, principalmente do procurador-geral, Rodrigo Janot, tem causado abalos em Brasília por envolver Lula, Dilma, ministros, líderes do PSDB e candidatos à cúpula de um governo Temer. Conheça as denúncias e inquéritos que levaram mais instabilidade ao cenário político brasileiro.
Denunciados
Lula, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai
Acusação
obstrução da Justiça
– A Procuradoria-Geral da República (PGR) incluiu os três em uma denúncia já apresentada contra o senador Delcídio Amaral e o banqueiro André Esteves.
– A PGR afirma que Lula tentou influenciar as investigações da Lava-Jato. O ex-presidente, José Carlos Bumlai e seu filho Maurício teriam atuado para comprar o silêncio do delator e ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Delcídio sustenta que Maurício pagou R$ 250 mil à família de Cerveró diante de mediação feita por Lula.
– "Se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e André Esteves, dando ensejo ao aditamento da denúncia anteriormente oferecida", escreveu Janot na documentação.
– A denúncia traz documentos que, conforme Delcídio, atestam suas reuniões com Lula no período das negociações, além de registros de conversas telefônicas.
Relator, o ministro Teori Zavascki levará o caso à Segunda Turma do STF. Os cinco integrantes decidirão se os denunciados serão réus. Não há previsão de data para julgamento.
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Pedido de abertura de inquérito:
Dilma Rousseff, Lula e José Eduardo Cardozo
Acusação:
Obstrução da justiça
– A Procuradoria-Geral da República (PGR) quer investigar eventual tentativa de atrapalhar as investigações da Lava-Jato.
– A análise quer saber se a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil tentou lhe garantir foro privilegiado para tirar seu caso do juiz Sergio Moro, de Curitiba. A suspeita foi levantada com a divulgação de grampos telefônicos. Em uma das conversas, Dilma afirma ao ex-presidente que enviaria seu termo de posse, que deveria ser usado "em caso de necessidade".
– Delcídio Amaral e seu ex-chefe de gabinete Diogo Ferreira afirmaram que a nomeação do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas no Superior Tribunal de Justiça foi motivada para garantir a liberdade de empreiteiros presos na Lava-Jato.
Se o ministro Teori Zavascki aceitar o pedido, os três serão investigados em um inquérito. O ministro pode decidir sozinho ou levar o caso ao plenário. Não há prazo determinado para isso.
Pedido de inclusão de investigados em inquérito:
31 pessoas, incluindo Lula, Eduardo Cunha, Jaques Wagner, Edinho Silva, Ricardo Berzoini, Jader Barbalho e Henrique Eduardo Alves
Acusações:
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
– A PGR solicitou a inclusão de 31 investigados no inquérito 3989, que apura o esquema de corrupção na Petrobras. Batizada de "inquérito-mãe" ou "quadrilhão", a apuração já tem 39 investigados, maior parte deles políticos de diferentes partidos.
A investigação foi organizada em eixos por legendas: PT, PMDB e PP.
PMDB
Câmara
Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Alexandre Santos, Altineu Cortes, André Moura, Arnaldo Faria de Sá, Carlos Willian, João Magalhães, Manoel Júnior, Nelson Bornier e Solange Almeida.
- A PGR afirma que esse núcleo, liderado por Cunha, atuou para indicações políticas na Petrobras e na Caixa Econômica Federal, além de ter lucrado com a venda de requerimentos e emendas parlamentares em favor de empresas como OAS, Odebrecht e Banco BTG.
- A procuradoria relembra que a propina de contratos na Petrobras foi depositada em contas secretas de Cunha no Exterior. O pedido destaca as solicitações a OAS de doações para campanhas, como a de Henrique Alves. A investigação ainda frisa que a tropa de choque da Cunha fez pressão sobre o Grupo Schahin, com proposições "sem fundamento" e seis requerimentos na CPI da Petrobras. A ação beneficiaria Lucio Funaro, aliado de Cunha.
Senado
Jader Barbalho , Silas Rondeau, Sérgio Machado, Milton Lyra e Jorge Luz. Já estão sendo investigados Edison Lobão, Renan Calheiros, Romero Jucá e Valdir Raupp.
- A PGR cita delações premiadas para sustentar que o grupo participou de negociações para indicar e manter indicados na Petrobras, como Nestor Cerveró e Jorge Zelada, além de Sergio Machado na Transpetro, subsidiária da estatal.
- Delcídio Amaral afirma que lobistas faziam a ponte entre projetos da Petrobras e os senadores.
O ex-petista disse que houve pagamento de propina em 2006 sobre valores de sondas. O total passaria dos US$ 6 milhões para Barbalho e Renan.
PP
- No início do inquérito, em março do ano passado, o PP foi o partido com maior número de investigados.
- A acusação é de que teriam participado de um esquema liderado pelo grupo de José Janene e do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte para receber recursos desviados da Petrobras.
- Nessa parte do inquérito estão seis integrantes do PP do Rio Grande do Sul – Afonso Hamm, Jerônimo Goergen, José Otávio Germano, Luis Carlos Heinze Renato Molling e Vilson Covatti.
- Eles são investigados pela suspeita de recebimento de mesada financiada com recursos da Diretoria de Abastecimento da estatal.
PT
Lula, Edinho Silva, Ricardo Berzoini, Jaques Wagner, Antonio Palocci, Giles Azevedo, Erenice Guerra, José Carlos Bumlai, Paulo Okamotto, José Sergio Gabrielli e Delcídio Amaral
- A PGR afirma que "tudo indica" que a ala petista do esquema era voltada para arrecadação de valores ilícitos, por meio de doações oficiais de campanha. O pedido diz que "essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse".
- A procuradoria destaca a tentativa de compra do silêncio de Nestor Cerveró, as escutas que demonstram atuação de Lula e Wagner para tentar obstruir a Justiça, além dos pagamentos de palestras a Lula no Exterior pela Andrade Gutierrez (AG).
- Segundo Otávio Azevedo, da AG, ele teria acertado com Berzoini, em 2008, pagar propina em cima de contratos firmados desde 2003. A empresa doou R$ 94 milhões ao PT entre 2009 e 2014, sendo que R$ 40 milhões seriam propina. Azevedo também afirma que Palocci e Giles pediram para a empreiteira pagar diretamente a agência Pepper a fim de quitar dívida de campanha do PT referente a 2010. Tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, Edinho teria pedido outros R$ 100 milhões à construtora.
*ZEROHORA