Dois dos líderes de confiança de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) despontam como candidatos à sucessão do peemedebista. A pouco mais de oito meses da eleição que definirá o presidente da Câmara para o biênio 2017-2018, Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF) disputam a condição de nome do centrão.
Mesmo afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha quer controlar a indicação. Seus escudeiros acreditam que o grau de interferência dependerá do desfecho do processo por quebra de decoro que ele enfrenta. Caso o deputado escape da cassação, terá força para ungir um candidato e influenciá-lo durante o mandato. Do contrário, tentará apenas direcionar a escolha.
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Se mantiver a aliança de 13 partidos, o centrão deve somar na eleição para a presidência da Casa no próximo ano mais de 200 votos, descontando deserções, garantindo seu nome no segundo turno. Com apoio do PMDB, asseguraria a vitória em primeiro turno, como ocorreu com Cunha em 2015. Assim, Jovair e Rosso mantêm a fidelidade ao comandante do bloco, com visitas periódicas à residência oficial da presidência da Câmara. O parlamentar afastado confia em ambos, tanto que avalizou os acordos que emplacaram Jovair como relator e Rosso como presidente da comissão do impeachment.
– Os dois fazem força para mostrar que são úteis a Cunha – avalia um integrante do centrão.
As articulações para ocupar o vácuo de Cunha ainda são sutis. Jovair e Rosso descartam eventual substituição do interino Waldir Maranhão (PP-MA), resistente diante da pressão para renunciar, pois herdariam mandato tampão, a se encerrar em fevereiro. Um dos generais de Cunha, André Moura (PSC-SE) foi contemplado com a liderança do governo Temer. Quem ensaia corrida por fora é Aguinaldo Ribeiro (PB), líder do PP e neófito no centrão.
Candidatos já reúnem apoiadores para disputa
No momento, parlamentares colocam Jovair em vantagem por seu trânsito entre as siglas e por ser mais próximo de Cunha. No sexto mandato, ele é reconduzido há 10 anos para comandar a bancada do PTB. Rosso, líder do PSD, está no primeiro mandato. Nas últimas semanas, o petebista posa de estrela, procurado por deputados interessados em cargos. Bonachão, contador de causos, tem fama de cumpridor de acordos – fator decisivo.
– Ainda estou avaliando, mas não descarto concorrer. Vou decidir depois das eleições municipais – diz Jovair.
Considerado mais técnico e ponderado, Rosso também reúne aliados. Ex-governador do Distrito Federal, é conhecido pelo estilo conciliador, hábil nas alianças e sem pressa. Seus defensores dizem que "tem mais porte de presidente da Câmara do que Jovair".
Quem são
Em comum, com apoio de Cunha, Rosso e Jovair foram protagonistas na tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara.
Rogério Rosso (PSD-DF)
Líder do PSD, está no primeiro mandato de deputado federal. Chegou à Câmara com a vitrine de ter sido governador-tampão do Distrito Federal, em 2010, após os escândalos que derrubaram José Roberto Arruda. Conciliador, presidiu a comissão do impeachment na Câmara, função que conquistou com ajuda de Eduardo Cunha. Ao longo de 2015 e 2016, manteve apoio a Cunha, porém também circulou com desenvoltura entre a equipe da presidente afastada Dilma Rousseff. Roqueiro apaixonado, toca baixo, guitarra e teclado.
Jovair Arantes (PTB-GO)
Líder do PTB há uma década, está no sexto mandato de deputado federal. Integrante da bancada da bola, é cartola do Atlético-GO. Conhecido pelo trânsito entre as bancadas, teve auxílio de Eduardo Cunha para ser o relator do impeachment na Câmara. Já beneficiou o aliado ao costurar substituições dos nomes do PTB no Conselho de Ética. No partido, rivaliza com Roberto Jefferson desde a crise do mensalão, quando segurou o PTB na base de Lula. Em um grampo da Polícia Federal, foi flagrado solicitando doações de campanha ao bicheiro Carlinhos Cachoeira.