Com o Palácio da Alvorada convertido em bunker, Dilma Rousseff formará um restrito grupo com ministros e assessores de confiança para traçar estratégias e levantar dados na defesa do mandato.
Ciente de que deve ser afastada na próxima semana por até 180 dias pelo Senado, a presidente, que nutre esperança de retorno ao final do julgamento, quer ter respostas rápidas aos anúncios e ataques do vice Michel Temer. A equipe de Dilma avalia que a gestão do PMDB vai lembrar a "herança maldita" do governo petista, em especial na área fiscal e de controle de programas sociais.
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Neste cenário, a presidente afastada – como deve passar a ser chamada oficialmente caso o processo avance – planeja ter ao seu lado a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, que domina dados do Bolsa Família e da redução da miséria. O mesmo raciocínio vale para Carlos Gabas, ex-ministro da Previdência e atual titular da Aviação Civil, e para Miriam Belchior. Chamada de Google do Planalto, por saber de cabeça informações de programas do governo, a assessora Sandra Brandão deve acompanhar Dilma em seu período de limbo político. O staff de auxiliares nomeados será comandado por Giles Azevedo, atual assessor especial, contra quem o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu abertura de investigação no Supremo Tribunal Federal. A propaganda no Exterior do "golpe" deve seguir a cargo de Marco Aurélio Garcia.
O núcleo duro da resistência ficará dividido entre assessores com cargo comissionado e "conselheiros informais", como ministros que vão cumprir período de quarentena. É o caso de José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União, que aguarda parecer para saber se poderá ser advogado da presidente no processo no Senado. Do contrário, dará um auxílio na estratégia jurídica.
Descida da rampa ainda é motivo de divergência entre conselheiros
Dilma também conta com ajuda de ministros que planejam deixar Brasília, como Aloizio Mercadante (Educação) e Nelson Barbosa (Fazenda). Ambos pensam em retomar a carreira como professores universitários. Jaques Wagner pode assumir secretaria no governo da Bahia, mas deve seguir próximo da presidente. Ricardo Berzoini estuda permanecer na Capital e costurar o elo de Dilma com PT.
Petistas ainda divergem sobre a forma como será a saída da presidente do Planalto, prevista para o dia 12, após a provável aprovação de abertura do processo de impeachment no Senado. Dilma está inclinada a aceitar a sugestão de descer a rampa do palácio com ministros, amigos e militantes, em um ato que teria a Praça dos Três Poderes tomada por movimentos sociais e militantes. Ela gostaria de ter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao seu lado, mas a ausência dele em evento pelo Dia do Trabalho deixa a possibilidade como dúvida.
Outra corrente adverte que descer a rampa seria uma forma de admitir o "fim do governo". Defensores da descida lembram que deixar o Planalto pelos fundos seria melancólico e contrário ao discurso de perseverança.
A presidente pretende viajar durante o andamento do processo no Senado para atos contrários ao impeachment promovidos por movimentos sociais. Dilma espera ter agendas no Rio Grande do Sul, onde aproveitará para buscar o conforto da família durante a resistência.
Caso o plenário do Senado aprove a admissibilidade do processo de impeachment, Dilma Rousseff é afastada por 180 dias, e se inicia a fase de investigação até o julgamento, sem prazo para ocorrer, conduzido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal. Caso a deliberação se estenda mais de seis meses, Dilma reassume. Durante o afastamento, a mandatária deve deixar o Palácio do Planalto, sede do Executivo federal, e passar a articular sua defesa no Palácio da Alvorada. O vice Michel Temer, que reside no Palácio do Jaburu, assume a Presidência, e tudo indica que passe a despachar no Planalto.
PALÁCIO DO PLANALTO
SEDE DO EXECUTIVO FEDERAL, o Palácio do Planalto fica na Praça dos Três Poderes, que também abriga as sede do Supremo Tribunal Federal e do Congresso. Sua inauguração, em 21 de abril de 1960, simbolizou a transferência da capital federal para o centro do país. Projetado por Oscar Niemeyer, o prédio tem colunas frontais que descem em arco na direção da entrada. A fachada também é marcada pela rampa que leva ao salão nobre e o parlatório, à direita do acesso principal.
PALÁCIO DA ALVORADA
RESIDÊNCIA OFICIAL DO PRESIDENTE, é o primeiro prédio de alvenaria construído em Brasília. Projetado por Oscar Niemeyer, fica em uma península que divide o Lago Paranoá em Sul e Norte. Inaugurado em 30 de junho de 1958, tem configuração horizontal e colunas que lembram redes estendidas em varandas, cujo desenho deu origem ao símbolo e emblema presente no brasão do Distrito Federal. A frente da edificação, há um espelho d’água.
PALÁCIO DO JARUBU
O JABURU FICA AO LADO DA LAGOA que lhe deu nome e às margens do Lago Paranoá. É outra edificação símbolo de Brasília desenhada por Niemeyer. Residência oficial do vice-presidente, foi idealizada, diferentemente do Planalto e do Alvorada, para ser exclusivamente destinada a moradia. Sua construção privilegia mais a área externa, com grandes varandas, do que as comuns, como os salões, menores do que os dos outros palácios. Projetado em 1973, foi ocupado em 1977 – 17 anos após a inauguração de Brasília – por Adalberto Pereira dos Santos, vice-presidente de Ernesto Geisel.
SENADO
A SEDE DO SENADO é a cúpula côncava, voltada para baixo, em cima do edifício principal do Congresso, ao lado das duas torres de 28 andares que a separam da cúpula convexa, voltada para o alto, onde fica a Câmara. O conjunto de estruturas compõe a sede do Congresso, cujo nome oficial é Palácio Nereu Ramos. Localizado na Praça dos Três Poderes, a construção foi inaugurada em 1960 e, em 2007, por ocasião do centenário de Niemeyer – também criador do projeto – foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).