Cerca de meia hora depois que Dilma Rousseff deixou o Palácio do Planalto oficialmente como presidente afastada, um grupo de apoiadores fez um ato em frente ao prédio onde ela possui um apartamento em Porto Alegre.
Com balões em formato de coração e faixas com dizerem como "Fica, querida" e "Estamos com você Dilma", membros de movimentos sociais que integram a Frente Brasil Popular tomaram, por cerca de uma hora, a rua em frente ao prédio no bairro Tristeza.
– É um ato de desagravo pela injustiça que foi cometida hoje – resumiu a diretora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Izane Mathos.
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O grupo também entoou os mesmos cânticos usados em Brasília quando Dilma deixou oficialmente a sede do governo federal, entre eles, "Dilma, guerreira brasileira" e "Machistas não passarão". Alguns dos manifestantes usaram bandeiras do Brasil e muitos cartazes apresentaram frases feministas.
Enquanto o ato ainda acontecia em Porto Alegre, às 12h30min, Dilma Rousseff embarcou no carro oficial com destino ao Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência a que ela poderá continuar usando durante o período de afastamento. Dilma deve ficar em Brasília nesta quinta-feira, acompanhada de ministros e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e viaja na sexta-feira para a capital gaúcha.
De acordo com o ex-ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, Dilma está "serena, sóbria e indignada".
Nota de repúdio
No Facebook, o braço gaúcho da Frente Brasil Popular, que reúne mais de 60 grupos, como sindicatos, movimento feministas, LGBTs e sem-terra, e que integrou a organização dos bloqueios em rodovias na terça-feira, divulgou uma nota em que defende que o Senado, ao aprovar a admissão do processo de impeachment contra a presidente, "capitulou diante do golpe das oligarquias contra a Constituição, tornando-se cúmplice de flagrante ruptura da ordem democrática".
Para os movimentos, um dos principais consequências disso será "arrochar salários, acabar com a política de valorização do salário mínimo, cortar gastos com programas sociais, eliminar direitos civis, privatizar empresas estatais, reduzir investimentos públicos, anular despesas constitucionais obrigatórias com saúde e educação, abdicar da soberania nacional diante dos centros imperialistas".
Veja a íntegra da nota: